Dono da construtora Delta foi sentenciado a 4 anos e 6 meses de prisão por superfaturamento de obra em Lagoa; ele vai recorrer
O
empresário Fernando Cavendish, dono e ex-administrador da construtora
Delta, foi condenado em primeira instância pela Justiça Federal a quatro
anos e seis meses de prisão por desvio de verbas federais que deveriam
ser usadas na despoluição da Lagoa de Araruama, na região dos Lagos
fluminense.
O juiz Raphael Nazareth Barbosa, da 1.ª Vara Federal de São Pedro da
Aldeia, na mesma região, considerou que houve superfaturamento. Pelo
serviço de mobilização e desmobilização de equipamentos, a Delta recebeu
R$ 191 mil do município, embora o valor de mercado do serviço fosse de
apenas R$ 14 mil. A assessoria de Cavendish informou que ele vai
recorrer.
Em dezembro de 1999, Hugo Canellas, então prefeito de Iguaba Grande,
município da região dos Lagos responsável pela obra, firmou convênio com
o governo federal para a despoluição da Lagoa de Araruama. Seriam
gastos R$ 5,6 milhões, dos quais caberia ao município pagar R$ 1 milhão.
O governo federai aprovou apenas parte do projeto, liberando R$ 272 mil
para a elaboração do projeto executivo, em janeiro de 2000.
A Prefeitura de Iguaba Grande lançou uma licitação e contratou, por
mais de R$ 22 milhões, a Delta para executar a obra de despoluição. Mas,
segundo o Ministério Público Federal, a Delta não poderia participar da
seleção porque estava em trâmite um pedido de falência da empresa. Além
disso, a construtora teria usado certidões vencidas para participar da
licitação.
Pelos serviços executados entre 16 e 26 de junho de 2000, a Delta
cobrou e recebeu de Iguaba Grande R$ 272 mil, a exata quantia repassada
pela União no convênio. Na sentença, o juiz demonstra "estranheza" com o
fato de o valor do serviço corresponder exatamente ao valor liberado
pela União.
O Tribunal de Contas do Estado do Rio constatou que os serviços
contratados não foram realizados e identificou também o
superfaturamento.
Além de Cavendish, a Justiça Federal condenou outras quatro pessoas. O
ex-prefeito de Iguaba Grande, Hugo Canellas, e Mário Souza, secretário
municipal de Fazenda à época dos fatos, foram punidos com os mesmos
quatro anos e seis meses de prisão. Alípio Nascimento, então diretor do
Departamento de Meio Ambiente do município, e Márcia Betânia da Silva,
chefe da Divisão de Obras Públicas à época, foram condenados a 1 ano e
11 meses de prisão por falsidade ideológica. As penas de ambos foram
substituídas por prestação de serviço à comunidade. A sentença determina
ainda que os cinco réus condenados paguem, juntos, R$ 248 mil para
reparação dos danos causados.
Recurso - A assessoria de Cavendish informou que já
apresentou recurso ao Tribunal Regional Federal da 2.ª Região. Em 2012,
após uma operação da Polícia Federal, o empresário foi investigado no
Congresso Nacional por uma CPI que tentou apurar as ligações da Delta
com o contraventor Carlinhos Cachoeira.
Fonte: Jornal Estado de São Paulo - Por Fábio Grellet
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