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segunda-feira, 4 de março de 2013

Imprensa livre irrita o PT


A liberdade de imprensa, a liberdade de expressão, e todas as liberdades asseguradas pelas democracias são, reconheço, um estorvo para os governantes.

O jornalista tem o péssimo hábito de meter o bedelho em tudo, de querer investigar tudo, de não aceitar como verdade absoluta o que é proclamado como tal pelos governantes de plantão.

Onde não floresce a democracia, onde não se confia no discernimento da cidadania, a tentativa de silenciar (ou de cooptar) a imprensa é uma prática corrente. Aqui e no resto do mundo.

O governo militar lançou mão dos mais variados recursos para impedir a imprensa de apurar e divulgar a realidade considerada inconveniente à boa imagem do regime. Não obteve sucesso.

Antes, Getúlio Vargas, com o mesmo objetivo, recorrera ao famigerado Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) como força auxiliar aos serviços de segurança. O DIP silenciava as vozes dissonantes, a polícia política desaparecia com os dissidentes.

Notícias e comentários que não agradavam ao ditador eram considerados ataques à Nação. Em 1940, Getúlio mandou o DIP calar o jornal O Estado de São Paulo. Ocupou sua redação, destituiu sua direção e assumiu seu controle.

Nos cinco anos em que ficou sob a tutela oficial, o Estadão só publicou boas notícias. Nas quais ninguém acreditava, pois sua credibilidade extinguiu-se.

No mundos fascista, nazista e comunista, a liberdade de imprensa foi também suprimida. As igrejas, de modo geral, também não é apreciada. É o universo dos dogmáticos, das verdades reveladas, que não aceitam questionamento.

Quando chegou ao poder, em 1933, Adolf Hitler criou o Ministério para o Esclarecimento Popular e Propaganda, entregando-o ao comando de Joseph Goebbels. Sua missão: fazer a lavagem cerebral nos alemães,  transmitindo a mensagem nazista por todos os meios disponíveis, inclusive a imprensa.

Na União Soviética a imprensa foi mantida sob o estrito controle do Partido Comunista, o que assegurou por três quartos de século a opacidade total sobre o que acontecia na federação e no âmbito do próprio Partido. Um partido que propunha a defesa do povo, mas cuja elite cuidou mesmo foi de seu conforto e riqueza.

Esses tópicos esparsos vieram-me à cabeça depois de ler a notícia que o Diretório Nacional do PT, em sua última reunião, em Fortaleza, distribuiu documento exigindo a “democratização da mídia”.

O PT está ansioso para que se proceda a uma reforma do marco regulatório da mídia. Pretende apoiar um projeto de lei de iniciativa popular para alcançar esse objetivo, como proposta pelo Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação, pela Central Única dos Trabalhadores e outras entidades.

O jornalista Rui Falcão, hoje deputado estadual e presidente do PT, diz que o objetivo da proposta é o alargamento da liberdade de expressão, e que ela nada tem a ver com censura ou controle da mídia, e ainda pode dar mais empregos aos jornalistas.

O deputado, quem sabe, qualquer dia vai sugerir que se aprove uma reforma da Constituição acabando com o Ministério Público e, se der, com o STF.

Falcão acha que a imprensa e setores do Ministério Público tentam interditar a política, prática que comparou às exercidas pelos nazistas e fascistas.

Ele acha também que não houve mensalão.

Não teria havido se não tivéssemos no Brasil uma imprensa livre e alerta.

Não teria havido se não tivéssemos no Brasil um Ministério Público corajoso e independente e um STF que não teme cara feia ou ameaças.

Fonte: Cláudio Humberto - Por Pedro Luiz Rodrigues

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