Após 30 dias de negociações, GDF é derrotado na composição das comissões
Os deputados da base aliada articularam durante praticamente 30 dias as
eleições das comissões permanentes da Câmara Legislativa, mas mesmo
assim não conseguiram evitar derrota na hora das composições. A
comissão que avaliará projetos prioritários para o governo nos
próximos dois anos e que rendeu fortes desgastes nas negociações
ficou nas mãos de um dos deputados desgarrados do Poder Executivo,
Cristiano Araújo (PTB). Cláudio Abrantes (sem partido) era o candidato
do governo, porém perdeu a vaga por um voto
O voto de minerva dentro da comissão era de Wellington Luiz (PPL). Arlete Sampaio (PT) se somou a Cláudio, que teve dois votos, contando com o dele próprio. Celina Leão (PSD) votou com Cristiano e Wellington decidiu a disputa. O governador Agnelo Queiroz tentou com que o parlamentar apoiasse o nome de Cláudio, mas, segundo Wellington, o acordo com Cristiano foi feito antes de Cláudio aparecer na disputa.
“Não é um enfrentamento com o governo, mas temos que nos posicionar. Tive muita pressão, saio desgastado deste processo, mas é o preço que se paga pela honra da palavra, e não me arrependo”, justificou Wellington, que será vice-presidente, ao lado de Cristiano, na Comissão de Assuntos Fundiários (CAF). “Não há vencido, nem vencedor”, resumiu Cristiano Araújo.
BARGANHA POLÍTICA
A CAF trata dos assuntos relacionados ao ordenamento territorial, à
política fundiária e à habitação. Especialmente nos próximos anos,
terá o poder de aprovar projetos como o Plano de Preservação do
Conjunto Urbanístico de Brasília (PPCUB) e a Lei de Uso e Ocupação
do Solo (Luos).
Como o objetivo dos projetos (PPCUB e Luos) é criar regras claras de
uso e ocupação do solo, a matéria poderá, segundo os deputados,
virar barganha política. “Tem gente que não tem ideia da valorização
do aumento de um gabarito de hotel, mas é só checar”, disse um
parlamentar.
No PPCUB está prevista a alteração de gabaritos de hotéis na área
central de Brasília. O governo propõe que hotéis hoje com três
andares e 13,5 metros de altura cheguem a dez pavimentos. Os 20 lotes
nas quadras 2 e 3 do Setor Hoteleiro Norte e na Quadra 3 do Setor
Hoteleiro Sul aumentariam, significantemente, o valor de mercado.
Tudo começou com a eleição da Mesa Diretora
“O governo perdeu porque não aceitou pagar o que queriam, esse tempo
passou”, alfinetou o líder do bloco do PT-PRB, deputado Chico Vigilante
(PT). O parlamentar afirmou que a eleição das comissões e a derrota
do governo ainda refletem processos anteriores, como o da eleição da
Mesa Diretora. “Temos um rescaldo disso, ainda mais por conta da não
reeleição do Patrício”, justificou o petista, lembrando a eleição
para presidência da Câmara Legislativa, no fim do ano passado.
Segundo Vigilante, as negociações em torno da CAF envolveram cargos
no governo, e os pleitos não teriam sido acatados pelo governador.
“Ninguém vai usar comissão para ter cargos, secretarias ou
administrações, mas é bom que agora fica claro quem está ao lado do
governo e quem não está”, criticou.
Já Wellington Luiz, que chegou a ser chamado no Buriti para “repensar”
seu apoio a Cristiano Araújo, garantiu que não houve tratativas neste
sentido. “Não pedi nada, esta é uma casa de cumprimento de acordos, e
o meu era com Cristiano”, falou o distrital do PPL.
PERSONA NON GRATA
Os desgastes do governo com Cristiano começaram no ano passado, quando
os deputados deram início às articulações para eleição da Mesa
Diretora. Cristiano trabalhou pela chapa adversária à apoiada por
Agnelo, o que lhe rendeu, inclusive, exoneração do cargo de
secretário de Desenvolvimento Econômico. O distrital era um dos que
apoiavam a reeleição de Patrício.
Fonte: Jornal de Brasília - Por Camila Costa
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