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quinta-feira, 7 de março de 2013

CLDF: Reflexos da discidência

Após 30 dias de negociações, GDF é derrotado na composição das comissões 

Os deputados da base aliada articularam durante praticamente 30 dias as eleições das comissões permanentes da Câmara Legislativa, mas mesmo assim não conseguiram evitar derrota na hora das composições. A comissão que avaliará projetos prioritários para o governo nos próximos dois anos e que rendeu fortes desgastes nas negociações ficou nas mãos de um dos deputados desgarrados do Poder Executivo, Cristiano Araújo (PTB). Cláudio Abrantes (sem partido) era o candidato do governo, porém perdeu a vaga por um voto
 

O voto de minerva dentro da comissão era de Wellington Luiz (PPL). Arlete Sampaio (PT) se somou a Cláudio, que teve dois votos, contando com o dele próprio. Celina Leão (PSD) votou com Cristiano e Wellington decidiu a disputa. O governador Agnelo Queiroz tentou com que o parlamentar apoiasse o nome de Cláudio, mas, segundo Wellington, o acordo com Cristiano foi feito antes de Cláudio aparecer na disputa.

“Não é um enfrentamento com o governo, mas temos que nos posicionar. Tive muita pressão, saio desgastado deste processo, mas é o preço que se paga pela honra da palavra, e não me arrependo”, justificou Wellington, que será vice-presidente, ao lado de Cristiano, na Comissão de Assuntos Fundiários (CAF). “Não há vencido, nem vencedor”, resumiu Cristiano Araújo. 

BARGANHA POLÍTICA 

A CAF trata dos assuntos relacionados ao ordenamento territorial, à política fundiária e à habitação. Especialmente nos próximos anos, terá o poder de aprovar projetos como o Plano de Preservação do Conjunto Urbanístico de Brasília (PPCUB) e a Lei de Uso e Ocupação do Solo (Luos).

Como o objetivo dos projetos (PPCUB e Luos) é criar regras claras de uso e ocupação do solo, a matéria poderá, segundo os deputados, virar barganha política. “Tem gente que não tem ideia da valorização do aumento de um gabarito de hotel, mas é só checar”, disse um parlamentar.

No PPCUB está prevista a alteração de gabaritos de hotéis na área central de Brasília. O governo propõe que hotéis hoje com três andares e 13,5 metros de altura cheguem a dez pavimentos. Os 20 lotes nas quadras 2 e 3 do Setor Hoteleiro Norte e na Quadra 3 do Setor Hoteleiro Sul aumentariam, significantemente, o valor de mercado. 

Tudo começou com a eleição da Mesa Diretora 

“O governo perdeu porque não aceitou pagar o que queriam, esse tempo passou”, alfinetou o líder do bloco do PT-PRB, deputado Chico Vigilante (PT). O parlamentar afirmou que a eleição das comissões e a derrota do governo ainda refletem processos anteriores, como o da eleição da Mesa Diretora. “Temos um rescaldo disso, ainda mais por conta da não reeleição do Patrício”, justificou o petista, lembrando a eleição para presidência da Câmara Legislativa, no fim do ano passado.

Segundo Vigilante, as negociações em torno da CAF envolveram cargos no governo, e os pleitos não teriam sido acatados pelo governador. “Ninguém vai usar comissão para ter cargos, secretarias ou administrações, mas é bom que agora fica claro quem está ao lado do governo e quem não está”, criticou.

Já Wellington Luiz, que chegou a ser chamado no Buriti para “repensar” seu apoio a Cristiano Araújo, garantiu que não houve tratativas neste sentido. “Não pedi nada, esta é uma casa de cumprimento de acordos, e o meu era com Cristiano”, falou o distrital do PPL. 

PERSONA NON GRATA 

Os desgastes do governo com Cristiano começaram no ano passado, quando os deputados deram início às articulações para eleição da Mesa Diretora. Cristiano trabalhou pela chapa adversária à apoiada por Agnelo, o que lhe rendeu, inclusive, exoneração do cargo de secretário de Desenvolvimento Econômico. O distrital era um dos que apoiavam a reeleição de Patrício.

Fonte: Jornal de Brasília - Por Camila Costa

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