Trambique na Fundação de Amparo à Pesquisa movimenta até a Interpol
O que há de melhor no campo da caça aos corruptos está em ação: a Polícia Civil de Brasília, a Polícia Federal e até a Interpol. O alvo é a quadrilha que atuava na Fundação Gonçalves Lêdo (FGL). Três dos seus ex-dirigentes são considerados fugitivos da Justiça, revelou o delegado Henry Lopes, da Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (Deco), da Polícia Civil do Distrito Federal.
O líder do esquema seria Jafé Torres, um corretor de seguros que ficou conhecido na capital da República como sósia do ex-presidente Itamar Franco. Além dele também são procurados Stuart do Rego Barros Carício e Reginaldo Silva Pereira Filho. Os três tiveram a prisão preventiva decretada pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal nesta quinta-feira, 28.
A prisão, informa o G1, foi pedida pela Polícia Civil, depois que os envolvidos contrataram uma pessoa para fazer falsa denúncia contra uma testemunha em um caso de suposto desvio de dinheiro público e de uma série de irregularidades em um contrato entre a FGL e a Fundação de Apoio à Pesquisa (FAP/DF).
O contrato alvo da investigação foi assinado pela gestão anterior e já foi desfeito. O contrato tinha valor inicial de R$ 27,3 mihões e recebeu um acréscimo de 25%, chegando a R$ 34,2 milhões. De acordo com o delegado Henry Lopes, os ex-dirigentes da Fundação Gonçalves Lêdo contrataram um homem para ir até a delegacia e dizer que havia sido contratado pela testemunha para matar Jafé, agredir Pereira Filho e sequestrar Carício.
“Ele foi contratado para tentar desqualificar a principal testemunha contra os ex-dirigentes da FGL, em troca de um emprego na própria FGL. Como o Jafé não deu o emprego, ele confessou que era mentira, se retratou na delegacia. Foi uma história de cinema e muito bem instruída. Essas pessoas (ex-dirigentes da FGL) têm conhecimento jurídico e tentaram desqualificar as investigações. O motivo da prisão é que eles tentaram atrapalhar as investigações”, afirmou Lopes.
De acordo com a polícia, o esquema de desvio de verbas na teve início em 2009, quando as entidades envolvidas assinaram um contrato para que a FGL administrasse o programa DF Digital, criado em 2007 para oferecer cursos de informática e internet para a população do DF.
Segundo o delegado da Deco, o contrato entre FGL e FAP não foi cumprido. Entre as irregularidades estão a não prestação dos serviços e a contratação de uma empresa sem a qualificação para fazer o atendimento. "A FGL contratava empresas que não tinham capacidade para gerir um contrato de R$ 20 milhões. Você ia a um local onde o programa deveria atender, mas não estava funcionando, o serviço não estava sendo feito", disse.
O delegado afirmou que o caso foi informado à Polícia Federal e à Interpol para evitar a fuga dos suspeitos para fora do Brasil. A prisão temporária dos envolvidos havia sido pedida pelo juiz em agosto de 2012, mas foi revogada. O Ministério Público recorreu da decisão.
Fonte: Notibras
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