Informações Congresso em Foco - O silêncio, enfim, acabou. O senador Renan Calheiros (PMDB/AL), denunciado pelo Ministério Público no caso dos “bois de Alagoas”,
admitiu oficialmente pela primeira vez que é candidato à presidência
do Senado. Ao enviar nota à imprensa para se defender das acusações de
Roberto Gurgel, noticiadas em primeira mão pelo Congresso em Foco,
o parlamentar criticou o momento em que o Ministério Público
apresentou a ação ao Supremo Tribunal Federal. “A denúncia foi
protocolada exatamente na sexta-feira anterior à eleição para a
Presidência do Senado Federal”, afirmou Renan, por meio de assessores.
Na nota,
o senador afirma que a acusação de Gurgel “padece de suspeição e
possui natureza nitidamente política”. “O inquérito é de agosto de 2007
e, apesar de se encontrar parado na Procuradoria da República desde
fevereiro de 2011, a denúncia foi protocolada exatamente na sexta-feira
anterior à eleição para a Presidência do Senado Federal”, criticou
Renan. “Trata-se de atitude totalmente incompatível com o habitual
cuidado do Ministério Público no exercício de suas nobres funções.”
Antes
da nota de ontem, Renan nunca admitira ser candidato ao Senado.
Trabalhando reservadamente, o senador se limitava a dizer à imprensa
apenas que o PMDB estava “unido” e que certamente haveria um candidato
do partido. Agora, proposital ou inadvertidamente, o líder do PMDB se
expõe publicamente para uma disputa marcada para a próxima sexta-feira
(1º). Seus adversários, até o momento, são Randolfe Rodrigues (Psol/AP) e
Pedro Taques (PDT/MT).
Na nota, o senador relembra que, como mostrou o Congresso em Foco,
foi ele mesmo quem pediu à Procuradoria Geral da República que o
investigasse. Diz que forneceu os documentos “verdadeiros” além de
papéis sobre seus sigilos bancário, telefônico e fiscal. Na verdade,
Renan gostaria que a apuração a inocência no caso dos bois. Na nota de
hoje, o senador disse esperar que o Supremo o julgue “num ambiente de
imparcialidade”.
Conheça aqui outras acusações contra Renan Calheiros.
Notas frias
Em
2007, quando era presidente do Senado, Renan foi acusado por Mônica
Veloso, sua ex-amante, de usar dinheiro do lobista Cláudio Gontijo, da
empreiteira Mendes Júnior, para pagar suas despesas com a pensão do
filho e do aluguel da jornalista. Para comprovar que tinha condições de
arcar com os gastos sozinho, o senador apresentou notas fiscais de
vendas de bois. Mas a Polícia Federal apontou que aqueles documentos
não garantiam recursos para quitar a pensão. Também afirmou que os
papéis não comprovavam a venda de gado. Havia a suspeita que as notas
eram frias. O caso levou o senador a deixar a presidência do Senado,
cargo que agora volta a postular.
Houve
crise no Senado. A empreiteira Mendes Júnior – apontada como a fonte
de recursos de Renan para pagar a pensão da jornalista – executou uma
obra no Nordeste que recebeu uma emenda do senador na Lei de Diretrizes
Orçamentárias. A suspeita chamou atenção para outra. Houve seis
denúncias no Conselho de Ética contra Renan. Em duas, o plenário
analisou se cassaria seu mandato, mas ele escapou.
Todavia,
o senador teve de renunciar ao cargo de presidente da Casa para
garantir a sobrevida política. Em 2008, “mergulhou”. No ano seguinte,
já era líder do PMDB no Senado. Desde 2012, costura sua candidatura nos
bastidores. E ontem à noite, lançou-a oficialmente ao ver seu nome
relacionado com o escândalo que levou à sua derrocada em 2007.
Fonte: Blog Rádio Corredor por Odir Ribeiro
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