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domingo, 27 de janeiro de 2013

Autofagia do PSD brasiliense

Presidente do PSD, Rogério Rosso: fogo amigo pode enfraquecer legenda novata na disputa pelo governo do DF em 2014
 
O PSD do Distrito Federal parece que ainda não se deu conta de que o partido é uma grande força política, mas isso se mantiver a união. Semana sim, outra também, aparecem notas e trocas de farpas entre seus quadros representativos. Há pouco tempo, as duas deputadas mais aguerridas da legenda — Celina Leão e Liliane Roriz — ameaçaram uma debandada. Recuaram depois de conversarem com o presidente do partido, Rogério Rosso.

Passado o período de calmaria, voltou novamente os buchichos de que “se o PSD for para a base do governador Agnelo Queiroz (PT), haverá uma diáspora da legenda”. Esta possível ameaça teria partido da deputada Eliana Pedrosa, uma espécie de madre superiora da irmandade pessedista. Deputada experiente e dona de um capital político considerável, principalmente entre as classes C e D. Este patrimônio não veio de graça para a deputada. Foi conquistado em vários embates eleitoral e com uma atuação marcante no parlamento, tanto como fiscalizadora do executivo e como hábil negociadora nos bastidores.

Portanto, se for ela a autora desta insatisfação, a estratégia não é das melhores. Ao martirizar o presidente de seu partido, também enfraquece seu valor como liderança já que ela luta para ser uma possível postulante na disputa para o Palácio do Buriti. Quem vai abriga-la para seus planos se mira o poder a qualquer preço? Confiança se conquista conversando. Por mais pesquisa que ela tenha em mãos — e tem —, não se conquista, ou me­lhor, não se toma o poder do adversário sozinho.

Se o temor dos parlamentares pessedistas for o alinhamento com o governador Agnelo, então mostre ao presidente Rogério Rosso o quanto isso será danoso ao projeto de 2014. Ruim é a autofagia em que o PSD vem promovendo. Esta estratégia (?) só aumenta o descrédito dos parlamentares, jogando o conceito de inovação política no lixo. Talvez as nobres deputadas não tenham percebido que ficar atirando a esmo, sem um objetivo definido, não seja a melhor forma de ampliar o respeito dos brasilienses.

Por ser um partido jovem, mas com velhas lideranças, a dificuldade para assimilar novos conceitos políticos sofre resistência e incompreensões. Por exemplo: acusam Rosso de não ter ampliado o número de filiados com densidade eleitoral e que ele tem “uma história política pequena”, como sinalizou o jornalista Ricardo Faria, do Guardian Notícias. No artigo, Faria frisa que “Rosso trabalha para minar (...) possibilidades [em disputar o governo do DF], tanto de Eliana [Pedrosa] quanto de qualquer outro nome, pois, para eles, a vontade do presidente do PSD é a de se ser vice em uma composição com outros partidos”.

O Jornal Opção conversou com o pessedista na quinta-feira, 24, e ouviu dele uma análise diferente: “Enquanto não se decidir os nomes dos novos presidentes do Senado e da Câmara Federal, não tem como nenhum partido montar uma estratégia eleitoral para 2014. Não se trata de boicotar A ou B, o jogo só terá início a partir desta definição no Congresso.” De fato, qualquer movimento dos partidos agora pode redundar em fiasco. Quem garante um acordo político para 2014 se ainda não ficou claro o papel do PSD na base da presidente Dilma Rousseff. Sem esta definição, Rogério não tem muito espaço para manobrar a máquina pessedista rumo a qualquer projeto majo­ritário. Ir com quem e aonde?

E quanto a ida para a base de Agnelo? “Já disse isso inúmeras vezes: é meu papel como presidente da legenda conversar com outras siglas. Não importa se é o PT, PSDB, PTB... Faz parte de qualquer político buscar o poder. Este não é o objetivo de todos os partidos?, indaga Rosso. Para ele, se não houver uma união visando os interesses do DF e seus cidadãos, “partido nenhum sobreviverá praticando os mesmos conceitos antigos”. 

Fonte: Jornal Opção

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