Celso de Mello, ministro mais antigo do STF, sobressai-se como conselheiro de Joaquim e acalma ânimos em plenário
Em seus primeiros dias na presidência do Supremo Tribunal Federal
(STF), cargo que assumiu em 22 de novembro, o ministro Joaquim Barbosa
titubeou em alguma ocasiões: da proclamação de resultados de
votações a dúvidas sobre o regimento interno do tribunal. Sorte dele
ter conseguido socorro para os momentos mais difíceis no decano da
Corte, o ministro Celso de Mello.
Joaquim, que costuma ser refratário às sugestões de ministros como
Marco Aurélio e Ricardo Lewandowski, com quem discutiu muito ao longo
do julgamento do mensalão, cedeu ao mais antigo membro da Corte.
A postura de Celso tem servido para apaziguar os ânimos. O presidente
do STF sempre ouve suas ponderações, ainda que os conselhos sejam
contrários às posições dele. O decano já corrigiu Joaquim em
público, orientou seus atos à luz do Regimento e o ajudou a proclamar o
resultado de votações.
Antes do julgamento do mensalão, Celso tinha postura tímida em
plenário. Seus votos se restringiam a termos jurídicos e linguagem
rebuscada, em respeito à liturgia da Corte. Mas, ao longo dos últimos
quatro meses e meio, ele se soltou: falou em "assalto à administração
pública" e em "marginais do poder". E assumiu posto informal de
auxiliar do presidente.
Joaquim assumiu a presidência do STF em situação delicada: havia
protagonizado discussões intensas em plenário, especialmente com
Lewandowski, atual vice-presidente da Corte e revisor do processo do
mensalão. Hoje, além de Celso, Joaquim ouve Luiz Fux. Os dois se
destacaram no julgamento por concordar na maioria das vezes com os votos
do relator.
Os ministros julgaram 112 condutas criminosas atribuídas a 37 réus.
Em 54 delas, o Joaquim e Lewandowski discordaram. Isso corresponde a
48,21% dos votos. Foi a mais alta taxa de discordância entre dois
ministros da Corte. Fux foi o que mais concordou com Joaquim, em 97,32%,
ou 109 de 112 votos. Foi seguido de Ayres Britto (94,64%) e Celso de
Mello (93,75%).
Fonte: O Globo - Por Carolina Brígido e André de Souza
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