A candidatura do deputado distrital Wasny de Roure (PT) é para valer. O
governador Agnelo Queiroz (PT) bateu o martelo e escolheu o parlamentar
como sucessor de Patrício (PT) na Presidência da Câmara Legislativa.
Num primeiro momento alguns deputados da base aliada chiaram com a
escolha. Ameaçam um movimento de rebeldia. E aguardam, em troca de uma
posterior mansidão, serem recompensados. A questão é saber quem serão os
premiados.
A conta é simples. Para eleger Wasny, Agnelo precisa de 13 votos.
Atualmente tem oito votos nas mãos. Por fidelidade partidária,
contemplação ou a espera de proteção. O governador precisa apenas de
mais cinco votos. É uma tarefa fácil. Não custa muito convencer alguns
deputados a votar com o Executivo. Vale a lei da oferta e da procura. E
alguns se contentam com pouco, muito pouco.
O PSB deixa a base aliada do governo nesta sábado. São poucos cargos
que os socialistas tinham no GDF. Cerca de 60, além do comando de uma
secretaria, uma empresa e uma administração. Alguns remanejamentos serão
feitos em outras áreas. Essas são algumas cartas de crédito que Agnelo
tem para conduzir a eleição da Câmara. Os distritais já montaram o
balcão a espera do governador.
Quando Agnelo fechar a conta dos 13, outros irão aparecer fazendo juras
de fidelidade. Wasny será eleito. Um motivo muito forte terá que surgir
para Agnelo ser derrotado. Por enquanto, os distritais possuem outras
preocupações.
Esta semana, por exemplo, uma operação do Ministério Público, com apoio
da Polícia Civil, esteve cumprindo mandados de busca e apreensão na
casa e no gabinete de um deputado. Também estiveram na Administração
Regional onde o parlamentar tem influência.
O motivo é recorrente: irregularidades no uso de emenda parlamentar ao
Orçamento do GDF para festas. É o segundo distrital que se enrola em uma
semana no mesmo problema. Algum tempo atras essa mesma destinação de
recursos foi usada para pagar gibi superfaturado e desnecessário.
MP e Polícia Civil fizeram um acordo corporativista para não divulgar o
nome do deputado-alvo desta semana. Se a disposição do Ministério
Público continuar, dois terços dos parlamentares podem receber visitas
incômodas. Emendas para festa e eventos dão muito dinheiro. E dor de
cabeça ao Executivo e Legislativo.
Nos bastidores pelo menos duas candidaturas rebeldes estão em plena
difusão. Na pauta de discussão alegam a necessidade de alternância de
poder. Ou seja, que um outro partido comande a Casa nos próximos dois
anos.
A oposição, é claro, apoia a ideia. Qualquer que seja o nome escolhido.
Ai está um problema. Os nomes não se entendem. Sem entendimento, falha a
articulação. No final a caneta do Buriti vai falar mais alto e o
movimento será debelado por osmose.
O favorito até alguns dias era o deputado Agaciel Maia (PTC). Agnelo
quer ele como vice-presidente. Wasny poderia assumir em 2013 o cargo de
conselheiro no Tribunal de Contas. Agaciel assumiria a Casa como
interino e promoveria novas eleições onde ele mesmo seria candidato.
Para a vaga de Agaciel, cogita-se o nome de Chico Vigilante, mantendo um
petista na Mesa Diretora.
A candidatura do deputado Chico Leite (PT) foi descartada por Agnelo. O
deputado não saiu derrotado, já que seu nome foi preterido mais pelas
virtudes, do que pelos defeitos. A opinião pública acompanhou o
processo.
Patrício (PT) também não sai derrotado. Deve ir para a Secretaria de
Desenvolvimento Social, a que mais dá voto. É ali que se distribui os
programas sociais do governo. Pode pavimentar sua candidatura em 2014
para deputado federal com tranquilidade. Basta trabalhar direito.
Wasny é um bom deputado. Tem a simpatia de muitos parlamentares. É
experiente e conciliador. Deve fazer uma boa gestão. A rejeição não foi
ao seu nome. Nem existe rejeição. O que existe mesmo é a mais antigo
forma de fazer política do toma-lá-da-cá.
Fonte: Blog do Callado - Por Ricardo Callado
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