
Deputado distrital Cristiano Araújo: mais um dissidente contra Agnelo Queiroz
Muito se falou e foi escrito sobre a saída do deputado Cristiano
Araújo (PTB) do governo Agnelo Queiroz (PT). Começou-se especulando que
ele contrariou a orientação do mandatário petista para apoir Wasny de
Roure para presidente da Camara Legislativa. Cristiano manobrou em
outra direção, gesto que deixou o governador “fulo de raiva”, segundo
uma fonte. Depois surgiu a versão de que o governador melou interesses
econômicos da família de Cristiano, leia-se contratos com o GDF. Este
gesto foi o que teria transbordado o copo d’água.
Cristiano pressionou, via articulação nos bastidores, uma reação
política contra Agnelo, mas não deu certo. No meio da questão tinha um
astuto Chico Vigilante, hábil negociador e um exímio esgrimista político
quando se trata defender os interesses do PT. Para piorar o clima.
Agnelo sai à caça e exonera todos os apadrinhados do deputado, começando
pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico (SDE). Foram mais de 30
expurgados da gestão petista, conforme o Diário Oficial de quinta-feira,
20. Conforme antecipado pelo Jornal Opção há duas semanas, Agnelo
prometia ser duro com os aliados que não seguisses as orientações do
Palácio do Buriti. E mais: quem não se comportasse como aliados seria
tratado a pão e água. Não deu outra: Cristiano perdeu a guerra
particular que vinha travando com Agnelo.
Nesta luta do rochedo contra o mar, o senador Gim Argello, expoente
máximo do PTB no Distrito Federal, passou ao largo. Ele não moveu um
músculo da face para ajudar Cristiano por uma razão muito simples:
tratava-se de uma arenga particular e não de cunho partidário. Como
líder do partido e um dos senadores mais próximos da presidente Dilma
Rousseff, não ficaria bem entrar numa arenga particular entre um
deputado de seu partido e o governador aliado da presidente. Fez o que
uma pessoa sensata faria: saiu de fininho até por que não adiantaria
nada romper com o governador por causa de uma disputa que não tem nada
de política. Gim tem maturidade e habilidade política para contornar
crises e não iria trazer esta para seu terreiro.
Comenta-se nos bastidores que Cristiano vai ser uma pedra no calcanhar
de Agnelo. “Ele pretende se unir à oposição e esmiuçar a vida de Agnelo Queiroz,
tanto com denúncias sobre a gestão como trazendo à tona casos em que o
governador teria participado”, conta um dos demitidos e próximo a
Cristiano. Passando as festividades do Natal, o PTB fará uma reunião
para avaliar o tamanho da crise. Ou seja: entrega os cargos e sai da das
asas de Agnelo como fez o PSB ou deixa Cristiano falando sozinho?
Agnelo aproveitou o embalo e já resolveu onde colocar seu amigo Abdon
Henrique, que estava desgarrado do Buriti por ter sido rejeitado pelos
bancários como presidente do BRB. Ele, que foi cotado até para a pasta
de Agricultura, volta ao antigo ninho que estava sendo ocupado por
Cristiano: a boa e generosa Secretaria de Desenvolvimento Econômico.
Alguns blogueiros de Brasília estão atribuindo a Abdon o rótulo de sete
vidas. Haja fôlego!
Enquanto isso...
O senador Gim Argello é eleito novamente líder da bancada petebista no
Senado. Distante da guerra paroquial do deputado Cristiano Araújo, o
senador pensa em projetos mais realistas, como sua reeleição ao Senado.
Considerado um dos mais atuantes no Congresso, Gim também é um dos
parlamentares que mais tem ajudado prefeitos do Entorno do DF. Esta sua
atuação tem rendido bons dividendos, não só para a população desta
região, mas também para Goiás como um todo.
Ao ser eleito líder do Bloco União e Força, formado por 14 senadores de
quatro partidos, Gim caminha para consolidar sua posição de hábil
estrategista político. Este reconhecimento ficou explicito ao ser ungido
novamente líder do PTB até 2015, cargo que ocupa desde 2009. O senador
também continuará responsável pela liderança do Bloco Parlamentar União e
Força, composto por 14 senadores de quatro partidos (PTB, PR, PSC e
PPL).
Sob a liderança de Gim, o bloco, criado em abril deste ano, se
consolidou rapidamente como a terceira maior bancada do Senado e um
importante braço de apoio ao governo da presidente Dilma Rousseff no
Congresso Nacional. O senador faz questão de reunir o grupo semanalmente
para avaliar o trabalho na Casa e afinar a atuação do bloco em relação
aos assuntos em pauta.
Recentemente, a presidente Dilma parabenizou os senadores pela
organização do bloco e disse que orientará os ministros a participarem,
sempre que possível, dos encontros semanais realizados pela bancada no
Senado, como fizeram os ministros da Saúde, Alexandre Padilha, e da
Educação, Aloizio Mercadante.
Fonte: Jornal Opção - Por Wilson Silvestre
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