O governador Agnelo Queiroz (PT) cobra fidelidade. O PSB acena com um
relacionamento aberto. Num meio termo, um casamento por conveniência,
onde os bens são mais importantes que o compromisso de união.
O PSB vive um dilema. Tem um candidato competitivo ao Palácio do Buriti
em 2014, o senador Rodrigo Rollemberg. O que deveria sugerir um
rompimento visando viabilizar o projeto político. Ao mesmo tempo, quer
participar do governo que ajudou a eleger. ...
O rompimento hoje não interessa a ninguém. Agnelo quer o PSB ao seu
lado. Mesmo sabendo que em algum momento os socialistas podem debandar
para carreira solo, o governador trabalha na ideia de que é melhor tê-lo
por perto. E trabalhar para evitar a separação. Se melhorar os índices
de aprovação, se mostrará competitivo e terá poder de convencimento.
Rollemberg não quer o rompimento. Nem tanto por Agnelo, mais pela
presidente Dilma Rousseff. O PSB é base de apoio do governo federal – e
vai continuar sendo. No cenário atual, o partido aposta na reeleição de
Dilma. Em circunstâncias locais, joga fichas em candidatura própria.
O PSB local decidiu pela permanência na base de governo local.
Rollemberg terá que manter uma postura de aliado crítico. Do contrário,
perde o discurso. Não deve rivalizar, e sim buscar o diálogo. Mostram
preocupação com a cidade e a população. E evitar bater boca.
Em 2014, se for candidato, o senador tem que se apresentar como
alternativa ao governo atual e ao passado. A imagem do contraponto. De
forma elegante, sem radicalismo. Rollemberg precisa fazer um gesto de
paz com o Buriti.
Do outro lado, Agnelo deve ter o canal do diálogo aberto. É possível
manter o grupo unido. São todos homens públicos, mesmo que em partidos
diferentes. Não se pode transformar tudo em um cavalo de batalha. O
projeto Singapura é um exemplo disso.
Um rompimento agora leva mais perdas ao PSB do que ao PT. O partido de
Agnelo é forte e estruturado no Distrito Federal. O PSB, não. Tem um
deputado distrital e um senador. Não tem grupo para comandar o Buriti.
Além disso, qual o interesse em brigar com o PT de Dilma Rousseff.
Rollemberg não vai contrariar o presidente nacional do PSB, Eduardo
Campos, que marcou posição em defesa da presidente. Pelo contrário, deve
a ele o mandato de senador. Também não quer ver o seu espaço na esfera
federal diminuído.
Rollemberg terá alguns desafios, como estruturar a legenda e atrair
quadros. Deve se viabilizar como candidato ao Buriti e puxar aliados.
Por enquanto, sua turma se resume ao senador Cristovam Buarque, o
deputado federal Reguffe, ambos do PDT, e o candidato derrotado ao GDF,
Antônio Carlos de Andrade, o Toninho do Psol.
São nomes expressivos e respeitados, mas ainda pouco para uma coligação
vitoriosa. É preciso atrair mais partidos e lideranças. Para seduzir
apoio, terá que se mostrar competitivo e possuir expectativa de poder.
Hoje, o poder de atração está com Agnelo, que detém a caneta. Uma prova
é que atraiu até o PSB de Rollemberg. Mesmo num relacionamento de
aparência.
Fonte: Jornal da Comunidade / Ricardo Callado
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