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sexta-feira, 2 de novembro de 2012

O dilema do PSB


O governador Agnelo Queiroz (PT) cobra fidelidade. O PSB acena com um relacionamento aberto. Num meio termo, um casamento por conveniência, onde os bens são mais importantes que o compromisso de união.
 
O PSB vive um dilema. Tem um candidato competitivo ao Palácio do Buriti em 2014, o senador Rodrigo Rollemberg. O que deveria sugerir um rompimento visando viabilizar o projeto político. Ao mesmo tempo, quer participar do governo que ajudou a eleger. ...

O rompimento hoje não interessa a ninguém. Agnelo quer o PSB ao seu lado. Mesmo sabendo que em algum momento os socialistas podem debandar para carreira solo, o governador trabalha na ideia de que é melhor tê-lo por perto. E trabalhar para evitar a separação. Se melhorar os índices de aprovação, se mostrará competitivo e terá poder de convencimento.

Rollemberg não quer o rompimento. Nem tanto por Agnelo, mais pela presidente Dilma Rousseff. O PSB é base de apoio do governo federal – e vai continuar sendo. No cenário atual, o partido aposta na reeleição de Dilma. Em circunstâncias locais, joga fichas em candidatura própria.

O PSB local decidiu pela permanência na base de governo local. Rollemberg terá que manter uma postura de aliado crítico. Do contrário, perde o discurso. Não deve rivalizar, e sim buscar o diálogo. Mostram preocupação com a cidade e a população. E evitar bater boca.

Em 2014, se for candidato, o senador tem que se apresentar como alternativa ao governo atual e ao passado. A imagem do contraponto. De forma elegante, sem radicalismo. Rollemberg precisa fazer um gesto de paz com o Buriti.

Do outro lado, Agnelo deve ter o canal do diálogo aberto. É possível manter o grupo unido. São todos homens públicos, mesmo que em partidos diferentes. Não se pode transformar tudo em um cavalo de batalha. O projeto Singapura é um exemplo disso.

Um rompimento agora leva mais perdas ao PSB do que ao PT. O partido de Agnelo é forte e estruturado no Distrito Federal. O PSB, não. Tem um deputado distrital e um senador. Não tem grupo para comandar o Buriti.

Além disso, qual o interesse em brigar com o PT de Dilma Rousseff. Rollemberg não vai contrariar o presidente nacional do PSB, Eduardo Campos, que marcou posição em defesa da presidente. Pelo contrário, deve a ele o mandato de senador. Também não quer ver o seu espaço na esfera federal diminuído.

Rollemberg terá alguns desafios, como estruturar a legenda e atrair quadros. Deve se viabilizar como candidato ao Buriti e puxar aliados. Por enquanto, sua turma se resume ao senador Cristovam Buarque, o deputado federal Reguffe, ambos do PDT, e o candidato derrotado ao GDF, Antônio Carlos de Andrade, o Toninho do Psol.

São nomes expressivos e respeitados, mas ainda pouco para uma coligação vitoriosa. É preciso atrair mais partidos e lideranças. Para seduzir apoio, terá que se mostrar competitivo e possuir expectativa de poder.

Hoje, o poder de atração está com Agnelo, que detém a caneta. Uma prova é que atraiu até o PSB de Rollemberg. Mesmo num relacionamento de aparência.

Fonte: Jornal da Comunidade / Ricardo Callado

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