Na sessão de ontem do julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF), o
ministro Joaquim Barbosa seguiu uma ordem diferente do esperado. Começou
a votar os réus do núcleo político, em vez do núcleo financeiro. O
ministro Ricardo Lewandowski protestou: ao divergir do caminho que havia
sido divulgado pela mídia, Barbosa estaria "surpreendendo a todos".
Essa acusação procede? A surpresa do revisor foi justificada? ...
O ministro Barbosa não fez nada de errado. O regimento do Supremo diz que o relator deve "ordenar e dirigir" o processo. Foi nesse sentido que se manifestaram, aliás, vários outros ministros. Defenderam a prerrogativa do Barbosa de organizar a votação das penas na ordem que quiser - e do correspondente dever, dos ministros, de estar com os votos preparados, qualquer que seja essa ordem. É o relator, e não a página de jornal, que deve dar a pauta.
O ministro Barbosa não fez nada de errado. O regimento do Supremo diz que o relator deve "ordenar e dirigir" o processo. Foi nesse sentido que se manifestaram, aliás, vários outros ministros. Defenderam a prerrogativa do Barbosa de organizar a votação das penas na ordem que quiser - e do correspondente dever, dos ministros, de estar com os votos preparados, qualquer que seja essa ordem. É o relator, e não a página de jornal, que deve dar a pauta.
Não há que se falar em surpresa quando um ministro exerce uma
prerrogativa prevista no regimento - e, mais ainda, já reconhecida e
afirmada por seus pares neste mesmo processo. O ministro Lewandowski
sabe disso. Na primeira sessão do julgamento do mensalão, sem aviso
prévio aos colegas ou ao relator, leu um longo voto sobre a questão do
desmembramento. O ministro Barbosa protestou, mas foi derrotado: o
tribunal defendeu a prerrogativa do revisor.
As duas surpresas, a de agosto e a de ontem, foram minimizadas pelo plenário do Supremo. Em agosto, porém, o papel do relator e o do revisor ainda estava em discussão. Não mais. Desde o início da votação, o presidente do STF, Ayres Britto afirmou - e o tribunal aceitou - que, nos termos do regimento, cabe ao relator escolher seu caminho. Na época, Lewandowski foi derrotado. Foi derrotado de novo ontem.
O relator interpretou a postura de Lewandowski como "obstrucionismo" - uma pesada acusação que fez Lewandowski se irritar e sair da sessão. A crítica de Barbosa foi imediatamente neutralizada pelo presidente Ayres Britto. Mas seria equivocado ver aqui um mero exemplo das tensões que o temperamento do futuro presidente do STF, Joaquim Barbosa, pode gerar. Na discussão de ontem, o intransigente foi o futuro vice-presidente Lewandowski.
As duas surpresas, a de agosto e a de ontem, foram minimizadas pelo plenário do Supremo. Em agosto, porém, o papel do relator e o do revisor ainda estava em discussão. Não mais. Desde o início da votação, o presidente do STF, Ayres Britto afirmou - e o tribunal aceitou - que, nos termos do regimento, cabe ao relator escolher seu caminho. Na época, Lewandowski foi derrotado. Foi derrotado de novo ontem.
O relator interpretou a postura de Lewandowski como "obstrucionismo" - uma pesada acusação que fez Lewandowski se irritar e sair da sessão. A crítica de Barbosa foi imediatamente neutralizada pelo presidente Ayres Britto. Mas seria equivocado ver aqui um mero exemplo das tensões que o temperamento do futuro presidente do STF, Joaquim Barbosa, pode gerar. Na discussão de ontem, o intransigente foi o futuro vice-presidente Lewandowski.
Fonte: Jornal O Globo
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