Deputado diz que relator da CPI do Cachoeira quer ainda se vingar de Gurgel
Como o senhor avalia o relatório final da CPI?
A minha impressão é que foi feito para ser derrotado. Talvez não interesse a setores do próprio PT aprofundar investigações sobre a construtora Delta. Nós tentamos quebrar sigilos de empresas que receberam dinheiro da Delta e não conseguimos. Se houvesse interesse do PT na investigação, teríamos conseguido.
A minha impressão é que foi feito para ser derrotado. Talvez não interesse a setores do próprio PT aprofundar investigações sobre a construtora Delta. Nós tentamos quebrar sigilos de empresas que receberam dinheiro da Delta e não conseguimos. Se houvesse interesse do PT na investigação, teríamos conseguido.
A que o senhor atribui o fato de o relator ter indiciado jornalistas?
Tanto no caso dos jornalistas, como no do procurador-geral, há a revelação de notório sentimento de vingança por um lado, e, por outro, sobre a imprensa, um passo adiante na tentativa de intimidação de jornalistas investigativos.
O relator disse que o jornalista Policarpo Júnior (Revista Veja) extrapolou o convívio com a fonte. Qual o limite do convívio?
O jornalista não pode simular a prática de um crime para noticiá-lo. Mas nós tínhamos o Tim Lopes, que não andava no meio de bandidos por prazer. Era a maneira de obter informações. Jornalista tem de buscar informações onde elas existem. Para pegar casos de corrupção, acaba conversando com corruptos. O Odair Cunha, com todo respeito que tenho por ele, não é árbitro dos modos dos jornalistas para dizer o que é apropriado e o que não é.
No relatório, ele divide os jornalistas em grupos de quem se beneficiou do esquema de Cachoeira com dinheiro e dos que não o fizeram. Mas acabou indiciando Policarpo Júnior, que não recebeu recursos.
Em momento algum votou-se na CPI a convocação dessas pessoas. É altamente temerário provocar indiciamentos sem ter tentado ouvir as pessoas. No caso do Policarpo, é ainda mais sério do ponto de vista da transgressão dos bons modos parlamentares.
Por quê?
Porque começou a ser votado na comissão um requerimento de convocação do Policarpo, apresentado pelo senador Fernando Collor (PTB/AL), e os oradores que se seguiam mostravam-se contrários. Antes mesmo que fosse votada a matéria, o relator tirou o documento de votação.
Houve má-fé?
Espero que não tenha agido de má-fé naquele momento. Mas, se não considerar esse argumento relevante para retirar o Policarpo do relatório final, estará confessando má-fé. Quem impediu a votação (da convocação do Policarpo) foi ele, porque viu que seria derrotado.
E se o relator retirar o indiciamento do jornalista do texto final. Dá para aprovar?
Continua sendo muito difícil. Essas modificações são uma imposição do Parlamento. Isso (o pedido de indiciamento) ofende o Parlamento, porque foi desprezada a manifestação da maioria dos membros em sucessivas sessões.
A CPI corre o risco de acabar sem relatório?
Risco sempre existe. Acho mais provável que surja um voto em separado que acabe sendo o vencedor da comissão, diante da rejeição do relatório apresentado pelo Odair Cunha.
Tanto no caso dos jornalistas, como no do procurador-geral, há a revelação de notório sentimento de vingança por um lado, e, por outro, sobre a imprensa, um passo adiante na tentativa de intimidação de jornalistas investigativos.
O relator disse que o jornalista Policarpo Júnior (Revista Veja) extrapolou o convívio com a fonte. Qual o limite do convívio?
O jornalista não pode simular a prática de um crime para noticiá-lo. Mas nós tínhamos o Tim Lopes, que não andava no meio de bandidos por prazer. Era a maneira de obter informações. Jornalista tem de buscar informações onde elas existem. Para pegar casos de corrupção, acaba conversando com corruptos. O Odair Cunha, com todo respeito que tenho por ele, não é árbitro dos modos dos jornalistas para dizer o que é apropriado e o que não é.
No relatório, ele divide os jornalistas em grupos de quem se beneficiou do esquema de Cachoeira com dinheiro e dos que não o fizeram. Mas acabou indiciando Policarpo Júnior, que não recebeu recursos.
Em momento algum votou-se na CPI a convocação dessas pessoas. É altamente temerário provocar indiciamentos sem ter tentado ouvir as pessoas. No caso do Policarpo, é ainda mais sério do ponto de vista da transgressão dos bons modos parlamentares.
Por quê?
Porque começou a ser votado na comissão um requerimento de convocação do Policarpo, apresentado pelo senador Fernando Collor (PTB/AL), e os oradores que se seguiam mostravam-se contrários. Antes mesmo que fosse votada a matéria, o relator tirou o documento de votação.
Houve má-fé?
Espero que não tenha agido de má-fé naquele momento. Mas, se não considerar esse argumento relevante para retirar o Policarpo do relatório final, estará confessando má-fé. Quem impediu a votação (da convocação do Policarpo) foi ele, porque viu que seria derrotado.
E se o relator retirar o indiciamento do jornalista do texto final. Dá para aprovar?
Continua sendo muito difícil. Essas modificações são uma imposição do Parlamento. Isso (o pedido de indiciamento) ofende o Parlamento, porque foi desprezada a manifestação da maioria dos membros em sucessivas sessões.
A CPI corre o risco de acabar sem relatório?
Risco sempre existe. Acho mais provável que surja um voto em separado que acabe sendo o vencedor da comissão, diante da rejeição do relatório apresentado pelo Odair Cunha.
Fonte: O Globo - Por Chico de Gois
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