Réu Carlinhos Cachoeira e advogado Marcio Thomaz Bastos
ganharam o dia; o primeiro não disse nada; ex-ministro foi coberto de
elogios; senadora katia abreu propôs fim da sessão; "é uma múmia",
resumiu ela; parlamentares avaliaram que perguntas só ajudariam a
defesa; papéis se inverteram!
247 – Marcada pelo silêncio do contraventor Carlinhos Cachoeira, que
arguiu o direito constitucional de ficar calado, a mais aguardada sessão
da CPI do Cachoeira terminou em frustração. Serviu, ao menos, para que o
ex-ministro da Justiça e advogado Marcio Thomaz Bastos, autor da
estratégia do silêncio, fosse coberto de elogios por diferentes
parlamentares. "Competente", foi a palavra mais dita. Cachoeira, agora,
terá um encontro oficial com a Justiça, na 11ª Vara Criminal de Goiás,
no dia 31 de maio ou 1º de junho, quando será novamente inquirido.
Durante as quase três horas da sessão, Carlinhos Cachoeira repetiu
que se valia do direito constitucional de ficar calado. "Não somos
palhaços", disse um parlamentar. "Ele é uma múmia", classificou a
senadora Katia Abreu (PSD-TO), que pediu formalmente o encerramento da
sessão. "Eu não fiz as perguntas que eu gostaria de fazer para não dar o
ouro ao bandido", disse o relator Odair Cunha (PT-MG). "Não poderíamos
esperar nada diferente de um chefe de quadrilha". O receio de que
perguntas ajudariam na articulação da defesa uniu os parlamentares, que,
depois de algum debate, encerraram a sessão.
Quem falou
Como esperado, Cachoeira sentou-se no banco dos réus da CPI do
Cachoeira para não falar nada. "Como manda a Constituição", sustentou.
"Vou usar o meu direito constitucional de ficar calado", respondeu ele
sobre se conhece e como era o trabalho dele com o araponga Adalberto
Araújo, o Dadá. Antes, diante de questão do relator Odair Cunha (PT-MG),
Cachoeira disse: "Essa pergunta é muito boa para eu responder depois",
respondeu, com um leve sorriso nos lábios. "Essa comissão não é formada
por palhaços", rebateu um parlamentar. Uma proposta, então, foi feita a
Cachoeira, pelo deputado Silvio Costa (PTB-PE): depor em uma sessão
secreta. "Vamos ver isso com os nossos advogados", despistou, negando a
alternativa.
Um a um, os parlamentares foram questionando o bicheiro, ouvindo
sempre que não haverá resposta antes da audiência judicial de Cachoeira.
O deputado Fernando Francischini (PSDB-PR) questionou Cachoeira sobre
sua relação com a Delta, e em âmbito nacional. "Aceitaria proposta de
delação premiada?", questionou, acrescentando que o silêncio de
Cachoeira denota "o desrespeito do criminoso".
"Não brinque com esta CPMI. Aqui não existe deputados e senadores que
se corromperam na mão do seu Carlos Cachoeira", acrescentou
Francischini. "É muito triste para essa comissão que tenhamos a presença
do senhor Carlos Augusto na no CPMI e infelizmente não poderemos obter
respostas para as perguntas dos parlamentares", acrescentou o deputado
Filipe Pereira (PSC-RJ).
O deputado Rubens Bueno (PPS-PR) até tentou despistar, perguntando se
Cachoeira estava sendo bem tratado na cadeia e como estava se sentindo
enquanto preso, mas, nem assim, obteve resposta. "Nós não somos teu",
finalizou, aludindo de forma provocativa à mensagem que o colega Cândido
Vaccarezza (PT-SP) enviou para o governador Sérgio Cabral, do Rio de
Janeiro, na última reunião da CPI.
Incômodo
Irritada, a senadora Kátia Abreu (PSD-TO) propôs o encerramento da
comissão, "que está se tornando ridícula". "Estamos perguntando para uma
múmia. O que as pessoas em casa vão pensar de nós? Não vou ficar dando
ouro para bandido". O senador Fernando Collor (PTB-AL), contudo,
discordou da proposta, pois disse que tinha o direito de dar suas
opiniões sobre o assunto, assim como fizeram seus colegas.
Minutos depois, ficou explicado por que Collor queria falar. O
senador revelou o conteúdo de mais uma ligação trocada entre o
jornalista Policarpo Jr., da Veja, e Cachoeira. Segundo Collor,
Policarpo ligou a Cachoeira para confirmar se o médium João de Deus, de
Abadiânia (GO), havia viajado a Caracas para consultar o presidente
venezuelano Hugo Chávez.
Collor disse ainda ter a informação de que "o senhor Policarpo Jr.
tinha reuniões frequentes no antigo hotel Melia, hoje Brasil 21, onde há
uma charutaria chamada Churchill". Segundo o senador, os encontros
entre o jornalista e o bicheiro eram realizados "semanalmente".
Após uma série de intervenções inócuas e diante da insistência de Cachoeira em permanecer calado, a audiência foi encerrada.
Abaixo, noticiário anterior sobre a sessão da CPI com a presença de Cachoeira:
247 - A dupla Carlinhos Cachoeira e Márcio Thomaz Bastos ganhou o
dia. A estratégia de manter o interrogado calado expôs as limitações da
CPI criada para investigar as relações entre o bicheiro e políticos,
autoridades e empresários. Cachoeira prometeu falar, mas apenas depois
de audiência judicial marcada para o próximo dia 30. Enquanto o
contraventor se negava a falar, alegando direito constitucional, os
parlamentares teciam loas ao ex-ministro da Justiça que o defendia.
Como esperado, Cachoeira sentou-se no banco dos réus da CPI do
Cachoeira para não falar nada. "Como manda a Constituição", sustentou.
"Vou usar o meu direito constitucional de ficar calado", respondeu ele
sobre se conhece e como era o trabalho dele com o araponga Adalberto
Araújo, o Dadá. Antes, diante de questão do relator Odair Cunha (PT-MG),
Cachoeira disse:
"Essa pergunta é muito boa para eu responder depois",
respondeu, com um leve sorriso nos lábios. "Essa comissão não é formada
por palhaços", rebateu um parlamentar. Uma proposta, então, foi feita a
Cachoeira, pelo deputado Silvio Costa (PTB-PE): depor em uma sessão
secreta. "Vamos ver isso com os nossos advogados", despistou, negando a
alternativa.
Um a um, os parlamentares vão questionando o bicheiro, ouvindo sempre
que não haverá resposta antes da audiência judicial de Cachoeira. O
deputado Fernando Francischini (PSDB-PR) questionou Cachoeira sobre sua
relação com a Delta, e em âmbito nacional. "Aceitaria proposta de
delação premiada?", questionou, acrescentando que o silêncio de
Cachoeira denota "o desrespeito do criminoso".
"Não brinque com esta CPMI. Aqui não existe deputados e senadores que
se corromperam na mão do seu Carlos Cachoeira", acrescentou
Francischini. "É muito triste para essa comissão que tenhamos a presença
do senhor Carlos Augusto na no CPMI e infelizmente não poderemos obter
respostas para as perguntas dos parlamentares", acrescentou o deputado
Filipe Pereira (PSC-RJ).
O deputado Rubens Bueno (PPS-PR) até tentou despistar, perguntando se
Cachoeira estava sendo bem tratado na cadeia e como estava se sentindo
enquanto preso, mas, nem assim, obteve resposta. "Nós não somos teu",
finalizou, aludindo de forma provocativa à mensagem que o colega Cândido
Vaccarezza (PT-SP) enviou para o governador Sérgio Cabral, do Rio de
Janeiro, na última reunião da CPI.
Irritada, a senadora Kátia Abreu (PSD-TO) propôs o encerramento da
comissão, "que está se tornando ridícula". "Estamos perguntando para uma
múmia. O que as pessoas em casa vão pensar de nós? Não vou ficar dando
ouro para bandido". O senador Fernando Collor (PTB-AL), contudo,
discordou da proposta, pois disse que tinha o direito de dar suas
opiniões sobre o assunto, assim como fizeram seus colegas.
Minutos depois, ficou explicado por que Collor queria falar. O
senador revelou o conteúdo de mais uma ligação trocada entre o
jornalista Policarpo Jr., da Veja, e Cachoeira. Segundo Collor,
Policarpo ligou a Cachoeira para confirmar se o médium João de Deus, de
Abadiânia (GO), havia viajado a Caracas para consultar o presidente
venezuelano Hugo Chávez.
Collor disse ainda ter a informação de que "o senhor Policarpo Jr.
tinha reuniões frequentes no antigo hotel Melia, hoje Brasil 21, onde há
uma charutaria chamada Churchill". Segundo o senador, os encontros
entre o jornalista e o bicheiro eram realizados "semanalmente".
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Abaixo, noticiário anterior ao início da sessão da CPI:
247 – O contraventor Carlos Cachoeira deixou hoje, por volta de
12h40, o Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília, para ir ao
Congresso, sob fortes aparatos da Polícia Federal. Seu depoimento na
CPI, que investiga suas relações com políticos e empresários, deve
acontecer a partir das 14 horas. Cachoeira foi preso em 29 de fevereiro,
quando foi levado para a penitenciária de segurança máxima de Mossoró,
no Rio Grande do Norte, e em 18 de abril foi transferido para a Papuda,
onde pode receber visitas.
Nesta terça-feira 22, a advogada de defesa do contraventor Dora
Cavalcanti visitou seu cliente na prisão e disse que ele está tranquilo
neste momento crítico. À imprensa, na saída da prisão, ela contou que o
aconselhou a ficar em silêncio durante o interrogatório no Congresso.
"Ele está tranquilo e nosso conselho, enquanto defesa, é que ele use o
direito de permanecer em silêncio. [...] É um momento crítico, difícil,
ele completou 81 dias de prisão, mas vai ser respeitoso na CPI", disse.
Os membros da CPI formularam uma série de perguntas para o acusado.
Só o relator da comissão, o deputado Odair Cunha (PT-MG), preparou uma
lista com mais de 100 questões. A expectativa é grande em relação à
possibilidade de Cachoeira fazer revelações sobre seus esquemas com
políticos e empresários, já que é o primeiro acusado a depor depois de
quase um mês de funcionamento da comissão. Mais cedo, o 247 formulou 30
perguntas para o bicheiro.
A reunião da comissão poderá ser acompanhada a partir das 14 horas
pela Rádio Senado e pelos canais da TV Senado na internet. Por
determinação do Regimento Interno do Senado, a TV Senado está obrigada a
transmitir a Sessão Plenária, que acontece no mesmo horário. Os canais
da TV na internet estão disponíveis neste endereço: http://www.senado.gov.br/noticias/tv/. A Rádio Senado pode ser ouvida em Brasília (91,7 MHz), Natal (106,9), Cuiabá (102,5), Fortaleza (103,3) e Rio Branco (100,9).
Com informações da Agência Senado.
Fonte: Braília 247 - 22 de Maio de 2012 às 13:44
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