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quarta-feira, 23 de maio de 2012

SESSÃO DA CPI É ENCERRADA APÓS SILÊNCIO E SARCAMOS

Sessão da CPI é encerrada após silêncio e sarcasmo 
Réu Carlinhos Cachoeira e advogado Marcio Thomaz Bastos ganharam o dia; o primeiro não disse nada; ex-ministro foi coberto de elogios; senadora katia abreu propôs fim da sessão; "é uma múmia", resumiu ela; parlamentares avaliaram que perguntas só ajudariam a defesa; papéis se inverteram!


247 – Marcada pelo silêncio do contraventor Carlinhos Cachoeira, que arguiu o direito constitucional de ficar calado, a mais aguardada sessão da CPI do Cachoeira terminou em frustração. Serviu, ao menos, para que o ex-ministro da Justiça e advogado Marcio Thomaz Bastos, autor da estratégia do silêncio, fosse coberto de elogios por diferentes parlamentares. "Competente", foi a palavra mais dita. Cachoeira, agora, terá um encontro oficial com a Justiça, na 11ª Vara Criminal de Goiás, no dia 31 de maio ou 1º de junho, quando será novamente inquirido.

Durante as quase três horas da sessão, Carlinhos Cachoeira repetiu que se valia do direito constitucional de ficar calado. "Não somos palhaços", disse um parlamentar. "Ele é uma múmia", classificou a senadora Katia Abreu (PSD-TO), que pediu formalmente o encerramento da sessão. "Eu não fiz as perguntas que eu gostaria de fazer para não dar o ouro ao bandido", disse o relator Odair Cunha (PT-MG). "Não poderíamos esperar nada diferente de um chefe de quadrilha". O receio de que perguntas ajudariam na articulação da defesa uniu os parlamentares, que, depois de algum debate, encerraram a sessão.

Quem falou

Como esperado, Cachoeira sentou-se no banco dos réus da CPI do Cachoeira para não falar nada. "Como manda a Constituição", sustentou. "Vou usar o meu direito constitucional de ficar calado", respondeu ele sobre se conhece e como era o trabalho dele com o araponga Adalberto Araújo, o Dadá. Antes, diante de questão do relator Odair Cunha (PT-MG), Cachoeira disse: "Essa pergunta é muito boa para eu responder depois", respondeu, com um leve sorriso nos lábios. "Essa comissão não é formada por palhaços", rebateu um parlamentar. Uma proposta, então, foi feita a Cachoeira, pelo deputado Silvio Costa (PTB-PE): depor em uma sessão secreta. "Vamos ver isso com os nossos advogados", despistou, negando a alternativa.

Um a um, os parlamentares foram questionando o bicheiro, ouvindo sempre que não haverá resposta antes da audiência judicial de Cachoeira. O deputado Fernando Francischini (PSDB-PR) questionou Cachoeira sobre sua relação com a Delta, e em âmbito nacional. "Aceitaria proposta de delação premiada?", questionou, acrescentando que o silêncio de Cachoeira denota "o desrespeito do criminoso".

"Não brinque com esta CPMI. Aqui não existe deputados e senadores que se corromperam na mão do seu Carlos Cachoeira", acrescentou Francischini. "É muito triste para essa comissão que tenhamos a presença do senhor Carlos Augusto na no CPMI e infelizmente não poderemos obter respostas para as perguntas dos parlamentares", acrescentou o deputado Filipe Pereira (PSC-RJ).
O deputado Rubens Bueno (PPS-PR) até tentou despistar, perguntando se Cachoeira estava sendo bem tratado na cadeia e como estava se sentindo enquanto preso, mas, nem assim, obteve resposta. "Nós não somos teu", finalizou, aludindo de forma provocativa à mensagem que o colega Cândido Vaccarezza (PT-SP) enviou para o governador Sérgio Cabral, do Rio de Janeiro, na última reunião da CPI.

Incômodo

Irritada, a senadora Kátia Abreu (PSD-TO) propôs o encerramento da comissão, "que está se tornando ridícula". "Estamos perguntando para uma múmia. O que as pessoas em casa vão pensar de nós? Não vou ficar dando ouro para bandido". O senador Fernando Collor (PTB-AL), contudo, discordou da proposta, pois disse que tinha o direito de dar suas opiniões sobre o assunto, assim como fizeram seus colegas.

Minutos depois, ficou explicado por que Collor queria falar. O senador revelou o conteúdo de mais uma ligação trocada entre o jornalista Policarpo Jr., da Veja, e Cachoeira. Segundo Collor, Policarpo ligou a Cachoeira para confirmar se o médium João de Deus, de Abadiânia (GO), havia viajado a Caracas para consultar o presidente venezuelano Hugo Chávez.

Collor disse ainda ter a informação de que "o senhor Policarpo Jr. tinha reuniões frequentes no antigo hotel Melia, hoje Brasil 21, onde há uma charutaria chamada Churchill". Segundo o senador, os encontros entre o jornalista e o bicheiro eram realizados "semanalmente".

Após uma série de intervenções inócuas e diante da insistência de Cachoeira em permanecer calado, a audiência foi encerrada.

Abaixo, noticiário anterior sobre a sessão da CPI com a presença de Cachoeira:

247 - A dupla Carlinhos Cachoeira e Márcio Thomaz Bastos ganhou o dia. A estratégia de manter o interrogado calado expôs as limitações da CPI criada para investigar as relações entre o bicheiro e políticos, autoridades e empresários. Cachoeira prometeu falar, mas apenas depois de audiência judicial marcada para o próximo dia 30. Enquanto o contraventor se negava a falar, alegando direito constitucional, os parlamentares teciam loas ao ex-ministro da Justiça que o defendia.

Como esperado, Cachoeira sentou-se no banco dos réus da CPI do Cachoeira para não falar nada. "Como manda a Constituição", sustentou. "Vou usar o meu direito constitucional de ficar calado", respondeu ele sobre se conhece e como era o trabalho dele com o araponga Adalberto Araújo, o Dadá. Antes, diante de questão do relator Odair Cunha (PT-MG), Cachoeira disse: 

"Essa pergunta é muito boa para eu responder depois", respondeu, com um leve sorriso nos lábios. "Essa comissão não é formada por palhaços", rebateu um parlamentar. Uma proposta, então, foi feita a Cachoeira, pelo deputado Silvio Costa (PTB-PE): depor em uma sessão secreta. "Vamos ver isso com os nossos advogados", despistou, negando a alternativa.

Um a um, os parlamentares vão questionando o bicheiro, ouvindo sempre que não haverá resposta antes da audiência judicial de Cachoeira. O deputado Fernando Francischini (PSDB-PR) questionou Cachoeira sobre sua relação com a Delta, e em âmbito nacional. "Aceitaria proposta de delação premiada?", questionou, acrescentando que o silêncio de Cachoeira denota "o desrespeito do criminoso".

"Não brinque com esta CPMI. Aqui não existe deputados e senadores que se corromperam na mão do seu Carlos Cachoeira", acrescentou Francischini. "É muito triste para essa comissão que tenhamos a presença do senhor Carlos Augusto na no CPMI e infelizmente não poderemos obter respostas para as perguntas dos parlamentares", acrescentou o deputado Filipe Pereira (PSC-RJ).

O deputado Rubens Bueno (PPS-PR) até tentou despistar, perguntando se Cachoeira estava sendo bem tratado na cadeia e como estava se sentindo enquanto preso, mas, nem assim, obteve resposta. "Nós não somos teu", finalizou, aludindo de forma provocativa à mensagem que o colega Cândido Vaccarezza (PT-SP) enviou para o governador Sérgio Cabral, do Rio de Janeiro, na última reunião da CPI.

Irritada, a senadora Kátia Abreu (PSD-TO) propôs o encerramento da comissão, "que está se tornando ridícula". "Estamos perguntando para uma múmia. O que as pessoas em casa vão pensar de nós? Não vou ficar dando ouro para bandido". O senador Fernando Collor (PTB-AL), contudo, discordou da proposta, pois disse que tinha o direito de dar suas opiniões sobre o assunto, assim como fizeram seus colegas.

Minutos depois, ficou explicado por que Collor queria falar. O senador revelou o conteúdo de mais uma ligação trocada entre o jornalista Policarpo Jr., da Veja, e Cachoeira. Segundo Collor, Policarpo ligou a Cachoeira para confirmar se o médium João de Deus, de Abadiânia (GO), havia viajado a Caracas para consultar o presidente venezuelano Hugo Chávez.

Collor disse ainda ter a informação de que "o senhor Policarpo Jr. tinha reuniões frequentes no antigo hotel Melia, hoje Brasil 21, onde há uma charutaria chamada Churchill". Segundo o senador, os encontros entre o jornalista e o bicheiro eram realizados "semanalmente".

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Abaixo, noticiário anterior ao início da sessão da CPI:

247 – O contraventor Carlos Cachoeira deixou hoje, por volta de 12h40, o Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília, para ir ao Congresso, sob fortes aparatos da Polícia Federal. Seu depoimento na CPI, que investiga suas relações com políticos e empresários, deve acontecer a partir das 14 horas. Cachoeira foi preso em 29 de fevereiro, quando foi levado para a penitenciária de segurança máxima de Mossoró, no Rio Grande do Norte, e em 18 de abril foi transferido para a Papuda, onde pode receber visitas.

Nesta terça-feira 22, a advogada de defesa do contraventor Dora Cavalcanti visitou seu cliente na prisão e disse que ele está tranquilo neste momento crítico. À imprensa, na saída da prisão, ela contou que o aconselhou a ficar em silêncio durante o interrogatório no Congresso. "Ele está tranquilo e nosso conselho, enquanto defesa, é que ele use o direito de permanecer em silêncio. [...] É um momento crítico, difícil, ele completou 81 dias de prisão, mas vai ser respeitoso na CPI", disse.

Os membros da CPI formularam uma série de perguntas para o acusado. Só o relator da comissão, o deputado Odair Cunha (PT-MG), preparou uma lista com mais de 100 questões. A expectativa é grande em relação à possibilidade de Cachoeira fazer revelações sobre seus esquemas com políticos e empresários, já que é o primeiro acusado a depor depois de quase um mês de funcionamento da comissão. Mais cedo, o 247 formulou 30 perguntas para o bicheiro.

A reunião da comissão poderá ser acompanhada a partir das 14 horas pela Rádio Senado e pelos canais da TV Senado na internet. Por determinação do Regimento Interno do Senado, a TV Senado está obrigada a transmitir a Sessão Plenária, que acontece no mesmo horário. Os canais da TV na internet estão disponíveis neste endereço: http://www.senado.gov.br/noticias/tv/. A Rádio Senado pode ser ouvida em Brasília (91,7 MHz), Natal (106,9), Cuiabá (102,5), Fortaleza (103,3) e Rio Branco (100,9).

Com informações da Agência Senado.

Fonte: Braília 247 - 22 de Maio de 2012 às 13:44

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