Sob a bem remunerada orientação de Márcio Thomaz Bastos, Carlinhos
Cachoeira tornou-se um depoente duro de roer. Se for atendido pelo STF,
fugirá do banco da CPI batizada com o seu nome pela segunda vez num
intervalo de uma semana. Desatendido, vai se abster de responder à
inquirição dos congressistas, avisa seu advogado.
Remarcado para esta terça (22), o depoimento de Cachoeira à CPI
depende, de novo, de um despacho do ministro Celso de Mello, do STF. O
magistrado digulgará nesta segunda (21) sua decisão sobre a nova petição
que recebeu de Thomaz Bastos há três dias.
Há uma semana, Celso de Mello desobrigara Cachoeira de comparecer à
CPI. Considerara que o presidente da comissão, Vital do Rêgo (PMDB/PB),
havia violado os sacrossantos direitos do acusado ao sonegar à defesa o
acesso aos inquéritos sigilosos disponíveis no Congresso.
Em reação, a CPI franqueou sua sala-cofre à equipe do ex-ministro da
Justiça de Lula e remarcou o depoimento de Cachoeira. Na nova petição,
Thomaz Bastos reclama no Supremo que Vital não autorizou a extração de
cópias. De resto, pede mais tempo.
A defesa alega que, mobilizando infantaria de uma dezena de doutores,
precisará de pelo menos três semanas para digerir os arquivos digitais
da CPI. É chicana protelatória, acusam os membros da comissão, à espera
do veredicto de Celso de Mello.
O pior é que, ainda que obtenha o que deseja –autorização para copiar
documentos e três semanas para analisá-los—, Cachoeira não estará
obrigado a abrir o bico na CPI. Pela lei, nenhum acusado é obrigado a
produzir provas contra si mesmo. Pode calar e até mentir.
Afora a convocação da CPI, Cachoeira foi chamado a depor, na quarta
(23), perante o Conselho de Ética do Senado. Ali, foi arrolado como
testemunha de defesa do amigo-senador Demóstenes Torres (ex-DEM/GO), às
voltas com um processo por quebra do decoro parlamentar.
Thomaz Bastos não informou, por ora, qual será a tática de seu
cliente nesse segundo foro. Se optar por travar a língua também no
Conselho de Ética, Cachoeira fritará Demóstenes, já bem passado.
Fonte: Blog do Josias - UOL
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