Conversa entre ex-presidente e ministro do STF sobe à
tribuna; "Momento negro na nossa história", disse Cristovam Buarque
(PDT); "Jobim é o melhor para falar sobre isso”, defendeu Jorge Vianna
(PT); oposição representará na Procuradoria-Geral da República;
requerimento de convocação de Lula à CPI será feito; PT pode retaliar
chamando Policarpo; reviravolta?
247 – O início da sessão desta
segunda-feira no plenário do Senado deu uma pequena demonstração de como
a denúncia de que o ex-presidente Lula teria tentado influenciar o julgamento do mensalão
deve esquentar o clima no Congresso Nacional nesta semana. O senador
Álvaro Dias (PSDB-PR) anunciou que os partidos de oposição vão
encaminhar representação à Procuradoria-Geral da República, alegando que
os fatos divulgados pela revista Veja apontam graves indícios da
prática de crimes de corrupção ativa, coação e tráfico de influência.
"O fato é grave, inusitado, afrontoso e ofende a consciência
democrática dos brasileiros. A atitude de Lula, entretanto, não
surpreende, já que nos acostumamos a vê-lo durante oito anos como
advogado de defesa dos desonestos, a passar a mão na cabeça dos
corruptos e ditadores mundo afora", disse o senador, que foi acompanhado
pelo colega de partido Aloizio Nunes nas críticas. "Essa notícia nos
enche de tristeza, de consternação, e Lula devia pedir desculpas aos
brasileiros por sua conduta" concluiu, disse Nunes.
Coube ao senador Jorge Viana (PT/AC) defender o ex-presidente no
plenário. "O presidente Lula tem a seu favor a sua história. Ele esteve
por oito anos no governo e jamais mudou a Constituição a seu favor. Tem
uma trajetória de respeito às instituições", disse Viana, segundo quem
"a melhor pessoa" para falar sobre a reunião entre Lula e Gilmar Mendes é
o ex-ministro Nelson Jobim – que negou a pressão de Lula sobre Gilmar.
O senador Cristovam Buarque (PDT/DF), por sua vez, se limitou a
constatar a gravidade do ocorrido. "Se o presidente Lula fez aquela
proposta, temos uma situação de interferência na Justiça. Se não fez,
temos um ministro do Supremo faltando com a verdade. É um momento negro
da nossa história", disse.
CPI
O fato é que a denúncia de Mendes e o desmentido de Jobim jogam ainda
mais lenha numa Comissão Parlamentar de Inquérito que revelou, em sua
forma mais evidente até então, a polarização entre petistas e tucanos em
sua última reunião, na quinta-feira da semana passada, quando o
deputado Fernando Francischini (PSDB/PR) chegou a chamar o relator Odair
Cunha (PT/MG) de "tchutchuca" por pegar leve com o governador do DF,
Agnelo Queiroz.
Agora, enquanto a coluna Poder Online,
do IG, informa que peemedebistas e petistas decidiram não admitir que
sejam chamados os governadores Sérgio Cabral (PMDB/RJ) e Agnelo Queiroz
(PT/DF), mas exigem a convocação do governador tucano de Goiás, Marconi
Perillo (PSDB), o PSDB ameaça trazer Lula para o centro das atenções. A
movimentação, avisam os petistas, não ficará sem volta: eles devem
discutir formas de desenterrar requerimentos contra a revista Veja e
investigar o que Gilmar Mendes tanto teme para ter de se tornar objeto
de blindagem.
Fonte: Brasília 247 - 28 de Maio de 2012 às 18:53
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