Por Gabriel Castro - Ainda
não surgiu um elo definitivo e pessoal do governador do Distrito
Federal, Agnelo Queiroz (PT), com a quadrilha do contraventor Carlinhos
Cachoeira.
Mas diálogos obtidos pela Polícia Federal (PF) tornam
delicada a situação da gestão petista na capital do país, que ainda não
respondeu de forma contundente às acusações.
Ao menos cinco figuras do
primeiro e segundo escalões do governo mantiveram contatos suspeitos
com o bando. São relações que podem ser esclarecidas pela CPI do
Cachoeira no Congresso.
O
chefe de gabinete do governador, Cláudio Monteiro, caiu por suspeita
de recebimento de propina. João Carlos Feitoza, o Zunga, foi
subsecretário de Esporte.
Também deixou o cargo quando surgiram indícios
de que havia recebido dinheiro da quadrilha. Marcello de Oliveira, o
Marcellão, foi assessor especial da Casa Militar.
Acabou exonerado
porque os investigadores descobriram que atuava como uma ponte entre o
grupo de Cachoeira e o governo.
Ao
trio somam-se dois integrantes do primeiro-time de Agnelo: o
secretário de Governo, Paulo Tadeu, e o de Saúde, Rafael Barbosa.
A
dupla se encontrou com Cláudio Abreu, então diretor da Delta no
Centro-Oeste, para tratar do contrato de coleta de lixo na capital.
Abreu relatou o encontro em um telefonema ao próprio Cachoeira. E contou
que a dupla pretendia se aproximar do contraventor.
Propina -
Os indícios de corrupção são fortes: os diálogos da quadrilha revelam
que um pagamento de 3 000 reais a Zunga entrou na contabilidade do
bando.
O próprio Zunga aparece em diálogos cobrando o adiantamento
"daquele negócio". Cláudio Monteiro, por sua vez, é citado como o
destinatário de um "presente" pela indicação de um aliado da quadrilha
no comando do Serviço de Limpeza Urbana da capital: 20 000 reais de
imediato e uma mesada de 5 000 reais.
Em
um diálogo posterior, integrantes do grupo revelam uma mudança de
estratégia. Cláudio Monteiro não receberia mais propina. O alvo seria
Rafael Barbosa.
Ambos têm ligações estreitas com Agnelo. Monteiro foi
número 2 de Agnelo no Ministério do Esporte. Barbosa foi número 2 de
Agnelo na Agência Nacional de Vigilância Sanitária.
Em
2010, Monteiro foi candidato a deputado distrital. Agnelo gravou um
vídeo ao lado do amigo e pediu votos: Cláudio Monteiro seria, segundo
ele, "um deputado de quem nós não teremos surpresa. Competente, de
trabalho, comprometido com a nossa cidade e que honrará o seu
mandato". Monteiro ocupava outro cargo-chave: o de secretário-executivo
do Comitê Organizador da Copa do Mundo de 2014.
Do
quinteto-problema de Agnelo, três integrantes foram convocados para
falar à CPI do Cachoeira: Monteiro, Zunga e Marcellão. Será uma chance
de esclarecer o grau de infiltração do grupo de Cachoeira no governo do
Distrito Federal. Até agora, Cláudio Monteiro, Paulo Tadeu e Rafael
Barbosa alegam inocência. Zunga e Marcellão sumiram.
É
difícil imaginar que o grupo, especialmente Cláudio Monteiro, tenha
agido à revelia do chefe do governo. Diante das denúncias contra seu
braço-direito, Agnelo se vê contra a parede: se sabia das
irregularidades, prevaricou. Se não sabia, não mantém controle sobre a
antessala do próprio gabinete.
Fonte: Veja Online
Blog Rádio Corredor por Odir Ribeiro
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