Ralo por onde escoam milhões em recursos públicos todos os anos, os contratos relacionados à coleta seletiva de lixo no Distrito Federal prometem novos capítulos nos próximos meses. Delegados de polícia, ex-policiais, lobistas e até um “bicheiro” são as estrelas do próximo escândalo que envolve a mistura explosiva de política/polícia na capital da República. Como prometido, o blog Fala Sério DF publica a sua primeira matéria, revelando o esquema que já complicou a vida de ex-governadores como Joaquim Roriz (PSC) e José Roberto Arruda.
O dreno nas contas públicas tem como um dos vértices do esquema criminoso a empresa Quebec Construções e Tecnologia Ambiental S.A – que utiliza laranjas para esconder o verdadeiro dono do negócio, o bicheiro Carlinhos Cachoeira – abocanha, mensalmente, R$ 2,5 milhões do GDF. Apesar de milionários, todos os contratos foram feitos em caráter emergencial. A mesma tendência é seguida pelos termos aditivos. Ambos foram assinados após dispensa de licitação.
A empresa do bicheiro que ficou famoso nacionalmente – após o escândalo envolvendo ex-presidente das Loterias do Rio de Janeiro (Loterj), Waldomiro Diniz em 2004 – fatura alto também em Brasília. Ao invés do jogo de azar, o contraventor carioca radicado em Goiânia usa e abusa do trânsito de lobistas no governo e de delegados da Polícia Civil do DF para lucrar com os contratos irregulares. O Fala Sério DF teve acesso aos valores dos contratos da Quebec, por meio do Sistema Integrado de Gestão Governamental (Siggo) do Distrito Federal.
A firma fechou um contrato emergencial de seis meses com o Serviço de Limpeza Urbana (SLU) para fazer a manutenção do aterro do Jóquei, mais conhecido como Lixão da Estrutural. Além do pagamento de R$ 2,5 milhões, ainda existem algumas outras notas de empenho no valor de R$ 1 milhão. A oficialização da parceria entre a Quebec e o SLU está no Diário Oficial do DF de 21 de junho deste ano. Pouco antes desta data aparecem as outras peças da engrenagem criminosa.
Afastado da função policial desde que a Operação Regin da Divisão Especial de Repressão aos Crimes Contra a Administração Pública (Decap), – que tinha como alvo desmantelar uma rede de corrupção envolvendo o pagamento de propina para funcionários da Secretaria de Transportes – o delegado teve forte participação para que a Quebec faturasse os contratos do lixo no DF.
Irmão de outro delegado da Polícia Civil, que trabalha na cidade paulista de Campinas, Barongeno se aproximou de Carlinhos Cachoeira por intermédio do irmão, que esta na lista de pagamento dos bicheiros paulistas. Com a ajuda do ex-policial Marcelo Toledo Watson, Barongeno, que ocupou a cadeira de secretário de Transportes na gestão de Rogério Rosso (PSD), fez o lobby para o direcionamento da licitação que beneficiou a Quebec. Toledo também teria trabalhado intensamente e participado ativamente para a Quebec sair vencedora com um contrato emergencial já pré-definido.
Na outra ponta do esquema estão os também delegados da Polícia Civil João Monteiro Neto, ex secretário de segurança, que ocupa a presidência da SLU e o também delegado Wilson Machado, braço direito de Monteiro que ocupa cargo de confiança também na SLU. Ambos teriam recebido uma gorda propina para facilitarem a vitória da Quebec no certame. Atualmente, a empresa de Carlinhos Cachoeira mantém uma usina de incineração na Cidade Ocidental, em Goiás, e também presta serviços para hospitais particulares no Distrito Federal. Há anos, a empresa tentava entrar no mercado do lixo, especificamente o de tratamento das sobras hospitalares. Acabou conquistando uma fatia dos resíduos sólidos convencionais.
Fonte: Blog Fala Sério DF
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