Ainda que de forma tímida, grupo majoritário de apoio a Agnelo, composto por Patrício e Chico Leite, já mostra desacordos e insinua “novos caminhos”. Chico Vigilante ameniza. Avaliação geral, contudo, é de que relação com a base melhorou depois da crise enfrentada pelo governador
Noelle Oliveira _Brasília 247 – A base do governador Agnelo Queiroz (PT) na Câmara Legislativa não é tão uniforme e unida como o chefe do Executivo faz questão de destacar vez ou outra. São, a rigor, 19 deputados de 13 legendas diferentes – no total, a Câmara conta 24 parlamentares. O próprio Partido dos Trabalhadores (PT) – que conta com cinco representantes na Casa – mostra divergências, por mais que tente esconder.
Na Câmara Legislativa, um dos nomes mais ativos do PT é o do deputado Chico Leite. Ele teria sido sondado pela ex-candidata à Presidência da República Marina Silva para fundar um novo partido. Comenta-se que Chico não estaria satisfeito no PT, nem no governo. O deputado nega, no entanto, qualquer articulação nesse sentindo. “Se eu saísse do PT, o partido não sairia de mim”, pondera. “Respeito a Marina, mas não a conheço pessoalmente”, completa.
O nome do deputado era esperado para ocupar, desde o início do governo, o comando de alguma secretaria de estado, em especial a de Justiça, o que não ocorreu. Chico Leite acabou indicando nomes paras as administrações de Águas Claras e do Park Way, algo considerado pequeno por interlocutores do distrital. que, segundo a última pesquisa do instituto O&P Brasil, em novembro, é considerado o melhor dos representantes populares na Câmara – foi citado por 7,2% dos entrevistados.
Os possíveis desacertos se estendem. Até agora, a base do governo não entrou em um consenso sobre o Projeto de Lei nº 559 – que unifica a carreira de fiscais tributários, agentes fiscais e auditores tributários da Secretaria da Fazenda. A proposta é do próprio Executivo. No Congresso Nacional, a deputada federal petista Érika Kokay já se posicionou contra a proposição e chegou a questionar publicamente a atual gestão local. Ela reconhece que os resultados costumam ser mais lentos em um primeiro ano de governo, mas não deixa de alfinetar.
Em entrevista recente ao Brasília 247, Kokay disse que o atual governo precisa estabelecer metas mais claras. “É preciso dar uma cara ao governo, com prazos para todas as instâncias”, avaliou. Na esfera local, parlamentares da base consideram o projeto dos auditores inconstitucional, mas preferem não comentar publicamente o assunto.
Alguns distritais petistas também já criticaram a gestão atual, mesmo que de forma tímida. É o caso do presidente da Câmara Legislativa, deputado Patrício. A baixa execução orçamentária de 2011, por exemplo, foi motivo de reclamação do distrital. “Secretarias devolverem dinheiro não é aceitável, está faltando um controle”, opinou, afirmando que o questionamento já foi levado ao governador. A opinião é apaziguada por deputados como Chico Vigilante, defensor ferrenho do governo. “É tudo normal, a tendência é todos os problemas serem superados”, avalia.
A criação de uma secretaria voltada exclusivamente para o tema condomínios, que em está discussão na Câmara Legislativa, também revelou a desunião da base, ainda que o esforço seja na direção de encobrir as desavenças. Pelo menos dois deputados do governo se declaram contra a criação do órgão. Enquanto isso, outros distritais reclamam da falta de diálogo com o Buriti ou da dificuldade para levar demandas a membros da cúpula do governo.
Representantes dos Policiais Civis, os deputados da base Wellington Luiz (PPL), Cláudio Abrantes (PPS) e Dr. Michel (PSL), por exemplo, deixaram de votar propostas neste ano na Câmara Legislativa durante o período em que a corporação que os elegeu esteve em greve. O governo havia feito promessas e não as cumpriu. Os deputados sentiram-se desmoralizados.
Um fato, porém, é consenso entre os distritais: a situação entre base e governo só melhorou após a crise política pela qual passou Agnelo – acusado de participar de um esquema de desvio de verbas enquanto Ministro do Esporte. A situação teria tornado as reuniões entre governo e distritais mais recorrentes, inclusive com a participação, até então inédita, do vice-governador Tadeu Filipelli (PMDB). Agora os encontros são alternados, uma vez na residência oficial de Águas Claras, outra na da vice-governadoria.
Em cima do muro
Há ainda os deputados distritais que estão em situação desconfortável para se posicionar a favor do Buriti, mas, mesmo assim, cumprem seu papel governista. É o caso de Washington Mesquita, que se filiou recentemente ao PSD, partido que reúne toda a oposição da Casa – composta pelas deputadas Eliana Pedrosa, Liliane Roriz e Celina Leão. Raad Massouh, único representante do DEM na Câmara, é outro. Se declara independente, tem apoiado o governo constantemente, mas se viu acuado a assinar, recentemente, o pedido de impeachment contra o governador Agnelo Queiroz. A proposta foi protocolada pelo presidente regional do DEM, Alberto Fraga.
Fonte: Brasília 247 - 07 de Dezembro de 2011 às 08:27
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