Casal proprietário de empresa de medicamentos seria intermediário para repasse de franquias a familiares do governador do DF; parlamentar contabiliza cerca de R$ 10 milhões movimentados nos últimos cinco anos; acusações foram consideradas de má-fé
Noelle Oliveira_Brasília 247 – Após pedir, ontem, a prisão do governador Agnelo Queiroz (PT), o deputado federal Fernando Francischini (PSDB-PR) divulgou, nesta quarta-feira (14), mais uma denúncia contra o chefe do Executivo no Distrito Federal. O parlamentar apresentou uma série de documentos que mostram uma suposta relação entre Agnelo e um casal, proprietário da empresa Saúde Import, de produtos médicos hospitalares, que recebeu a licença para funcionamento da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) das mãos do petista, em fevereiro de 2008, quando ele dirigia a agência há quatro meses. O governo do DF negou as acusações e afirmou que a atitude do deputado é uma “manobra” e que o político estaria “agindo de má-fé” com as acusações.
Foi dos donos da empresa Saúde Import que o governador comprou uma casa no Lago Sul, área nobre de Brasília, abaixo do preço de mercado, em 2007. Também foi o casal, segundo Francischini, quem repassou a familiares de Agnelo quatro franquias de estabelecimentos comerciais na capital federal. A servidora pública Juliana Roriz Suaiden Alves e Santos e o marido, o advogado Glauco Alves e Santos são os donos da Saúde Import.
Glauco e Juliana incluíram uma das irmãs de Agnelo como sócia majoritária de uma franquia de um restaurante, na Asa Norte, um mês antes de a empresa receber o documento da Anvisa. Em fevereiro, outra irmã do governador recebeu a metade de uma nova franquia da mesma marca e gerenciada pela dupla.
Até maio de 2011, as irmãs de Agnelo, o cunhado e até a mãe do governador adquiriram franquias repassadas, segundo o deputado federal, pelo casal.
O parlamentar levantou que toda a família de Agnelo movimentou cerca de R$ 10 milhões nos últimos cinco anos com os negócios. “Vejo nesse caso indícios de improbidade administrativa, lavagem de dinheiro com ocultação de patrimônio e corrupção”, destacou Francischini, que é delegado da Polícia Federal.
Defesa
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| Fernando Francischini (PSDB-PR) |
Mais cedo, o governador Agnelo afirmou que o deputado federal estava querendo “aparecer”. “Se Agnelo fala que eu quero aparecer, quem está com vontade de se esconder é a população do Distrito Federal diante de um governador desses”, rebateu o parlamentar. A secretaria de Comunicação respondeu, em nota, que “o deputado Fernando Franchiscini presta criminoso desserviço à sociedade ao repassar informações inverídicas, agindo de má-fé”. Ainda de acordo com o governo, trata-se de uma “manobra oportunista”.
A assessoria do governo do DF informou que o deputado tenta criar uma “conexão falsa”, de irregularidades, entre fatos que ocorreram dentro “da mais estrita legalidade”. “O governador Agnelo Queiroz repudia qualquer vinculação de favorecimento a qualquer empresa durante o período em que esteve na Anvisa. Ainda de acordo com o governo, “a liberação específica que a referida empresa necessitava não era de competência da diretoria pela qual Agnelo Queiroz respondia”, diz o texto.
O enriquecimento da família de Agnelo foi noticiado neste fim de semana pela revista “Isto É”. O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, afirmou hoje (14) que pedirá informações à Polícia Federal sobre a investigação que teria apontado enriquecimento ilícito de familiares do petista a qual é citada na reportagem como estando sob o comando da corporação e do Ministério Público do DF. De acordo com o procurador-geral, caso exista vínculo entre a evolução patrimonial da família e o governador, os fatos denunciados pela revista podem ser incluídos no inquérito que investiga Agnelo no Superior Tribunal de Justiça (STJ).
O deputado Fernando Francischini (PSDB-PR) afirmou que entregará toda a documentação à Procuradoria Geral da República (PGR) e ao STJ. Ele também quer convocar uma audiência pública para que o casal proprietário da Saúde Import seja ouvido na Câmara dos Deputados. O parlamentar afirmou que procurará, ainda, a Anvisa, para que as informações sejam investigadas em uma sindicância. A agência já possui um grupo que analisa o período em que Agnelo esteve à frente da pasta.
Fonte: Brasília 247 - 14 de Dezembro de 2011 às 21:22

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