Agnelo Queiroz (PT), governador do Distrito Federal, diz que dinheiro de lobista foi parar em sua conta porque havia emprestado uma grana para o cara e estava só recebendo o pagamento… Há coisas que só acontecem em Brasília, né?
Nesse particular, o português, língua tão cheia de nuances, confunde um pouco as coisas. O inglês tem dois verbos para emprestar: “to lend” — para quem empresta algo a alguém — e “to borrow”, para quem toma emprestado.
Os lobistas costumam praticar o verbo “to lend”, não o “to borrow”, né? Costumam “emprestar” em vez de “tomar emprestado”. Esse “to lend”, não raro, é sinônimo de “to corrupt”, “to suborn”. O lobista das relações de Agnelo, no entanto, homem necessitado, escolheu o “to borrow”.
A propósito, leitor: quantos lobistas são de suas relações pessoais? Você já emprestou dinheiro a algum deles? Mais ainda: que intimidade era aquela entre um diretor de uma agência da Saúde e um lobista do setor farmacêutico, com interesse na tal agência?
Finalmente: que mundo é este em que lobista toma dinheiro emprestado de político?
Todo mundo sabe o que aconteceu, acho eu. Seria besteira procurar recibo assinado. Mas se chegou bem perto disso. A conta bancária de Agnelo traz lá o depósito feito pelo lobista pobrezinho.
Por Reinaldo Azevedo - Revista Veja
Blog Rádio Corredor por Odir Ribeiro
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