Acusado por ex-militante de seu partido, PCdoB, de receber propina em esquema que desviou R$ 40 milhões, Orlando Silva, do esporte, planeja se antecipar à convocação da oposição e apresentar explicações à Câmara o mais rápido possível
Brasília 247 – Desde a queda de Antonio Palocci da Casa Civil, no início do governo Dilma Rousseff, o Palácio do Planalto adotou uma tática que, até agora, vem se mostrando efetiva: à primeira denúncia mais consistente de corrupção ou falha, o ministro envolvido deve se apresentar o quanto antes ao Congresso Nacional para prestar explicações. A estratégia deu certo com os ministros da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, e da Saúde, Alexandre Padilha – que vive entre os parlamentares –, e segurou por mais algum tempo no cargo o ex-ministro Wagner Rossi. A esperança agora é que a antecipação à provável convocação da oposição ajude a limpar a barra do ministro Orlando Silva, do Esporte, envolvido em suspeitas de recebimento de propina.
O líder do PCdoB (partido do ministro) na Câmara, deputado Osmar Júnior (SP), conversou com o líder do governo na Casa, Cândido Vaccarezza (PT-SP) no sábado e informou que deseja se antecipar à oposição e se oferecer para depor na Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara, já na terça-feira. O policial militar do Distrito Federal João Dias Ferreira, ex-filiado do PCdoB, disse que o ministro recebeu propina na garagem do ministério, informação confirmada por Célio Soares Pereira à revista Veja.
Orlando Silva já se explicou a Dilma por telefone – está em Guadalajara para acompanhar o Pan-americano – e convocou coletiva de imprensa para desqualificar a denúncia. A presidente deve aguardar o depoimento de Silva e suas repercussões para tomar alguma decisão. Calcula-se que nos últimos em oito anos mais de R$ 40 milhões foram desviados do programa Segundo Tempo, do Ministério do Esporte, e a denúncia envolve ainda o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), ex-ministro da pasta.
Convocação
O PPS já anunciou que apresentará requerimento de audiência pública para ouvir o policial militar João Dias Ferreira, que denunciou à revista Veja um esquema de corrupção envolvendo o ministro Orlando Silva em desvio de dinheiro público no Ministério do Esporte. "A Câmara deve exercer o seu papel constitucional e apurar com rigor e isenção essa denúncia gravíssima", disse o líder do partido na Casa, Rubens Bueno.
De acordo com Bueno, autor do requerimento, o partido também pedirá o comparecimento de Célio Soares Pereira, que, segundo a revista, seria o encarregado de entregar dinheiro ao ministro Orlando Silva, apontado pelos delatores como o principal beneficiário do esquema de corrupção. O PPS também pedirá à Procuradoria-Geral da República que investigue o ministro.
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