Operação da Polícia Civil e do Ministério Público leva quatro fiscais da Agefis, dois empresários e seis grileiros para a cadeia
Priscila Mesquita_Brasília247 – Depois de quatro meses de investigação, a Polícia Civil prendeu na manhã desta sexta-feira (23) 12 pessoas, entre elas quatro servidores da Agência de Fiscalização (Agefis). A polícia deu à operação o nome de Atcon, referência ao filosófo inglês John Acton, que escreveu sobre a relação entre poder e corrupção no século 19.
O trabalho dos policiais e dos promotores do Núcleo de Combate ao Crime Organizado (NCOC) do Ministério Público desvendou uma quadrilha especializada em cobrar propinas para evitar derrubadas de construções irregulares e para fazer vista grossa diante de parcelamentos irregulares do solo e invasões de áreas públicas. Os valores variavam de R$ 5 mil a R$ 10 mil, dependendo do imóvel. A atuação do grupo ocorria, principalmente,em Vicente Pires e condomínios da Ceilândia, como Pôr do Sol e Sol Nascente. A Polícia Civil suspeita que o grupo atuava há cerca de um ano.
Amarildo Endlich Pedro, Moisés de Carvalho Lima, Carlos Alberto Oliveira Costa e Erondes Alves da Silva são os quatro auditores fiscais da Agefis presos. Além deles, também foram detidos os empresários Reynaldo Wagner Taveira e José Volteir de Oliveira Rios; e os grileiros Cláudio Raider Simões, Antônio Emilson Soares, José Benedito Lustosa Rocha, Leônidas Alves Santana, Antônio Carlos Lopes de Andrade e Carlos Eduardo Muniz, conhecido como Cadinho.
Cadinho é bombeiro militar e estava com 200 cheques na hora em que foi preso. A operação também cumpriu 22 mandados de busca e apreensão na sede da Agefis e em algumas unidades do órgão. Foram recolhidos aproximadamente R$ 50 mil em espécie e centenas de cheques com valores de até R$ 150 mil.
Alguns dos presos confessaram o crime logo depois de terem sido encaminhados ao Departamento de Polícia Especializada (DPE). Eles contaram que procuravam as pessoas, pediam propina e ofereciam em troca a garantia de que nada aconteceria dentro da Agefis. "A origem da investigação foi a denúncia de uma pessoa que foi achacada por integrantes do grupo", explicou o delegado Márcio Araújo Salgado, delegado-chefe da Divisão Especial de Repressão ao Crime Organizado (Deco).
Os presos irão responder por vários crimes: formação de quadrilha, concussão, corrupção passiva, corrupção ativa, violação do sigilo funcional, advocacia administrativa e inserção de dados falsos em sistema de informações.
Na Agefis, o clima é de surpresa com a revelação da existência da quadrilha. Mas há também muita preocupação com a imagem do órgão. Os fiscais temem que a população fique com a impressão de que todos são assim. Há ainda o temor de que, com o escândalo, volte a ganhar força o movimento para que o governador Agnelo Queiroz (PT) para acabe com a agência. Houve pressões para acabar com a Agefis no ano passado, logo após a eleição, mas o governador não cedeu ao setor produtivo, que queria a extinção.
Fonte: Brasília 247 - 23 do Setembro de 2011 às 18:12


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