RUY FABIANO - Redação Jornal da Comunidade
A tentativa de barrar o registro do PSD na Justiça Eleitoral, comandada pelo DEM, remete à ação do governo militar, ao investir contra a tentativa de Brizola, em 1980, de recriar o antigo PTB.
Brizola voltava do exílio e se recusara a integrar a frente de oposições do PMDB. Queria recriar a legenda de Getúlio Vargas pela qual fizera sua carreira antes de ser cassado e exilado, em 1964.
O regime militar temia sua popularidade, que o exílio mitificou, e teve como aliado na investida, afinal vitoriosa, justamente os adversários da oposição, então comandada por Ulysses Guimarães.
A sigla ficou com Ivete Vargas, sob o argumento de que protocolara o pedido no tribunal algumas horas antes. Prevaleceu não a representatividade de Brizola, que possuía já um número razoável de adeptos com e sem mandato, mas o protocolo burocrático de Ivete, que representava a si mesma.
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No caso presente, o PSD, que se originou de uma dissidência do DEM, é um caso raro de um partido que já nasce com mais de 50 deputados, quatro senadores e um número expressivo de prefeitos, vereadores e deputados estaduais.
Não lhe falta, pois, representatividade e batalha pelo registro para confirmá-la (ou perdê-la) nas urnas das eleições municipais do ano que vem, o que é legítimo e indispensável. Só quem pode derrotar sua pretensão de existir é o eleitor.
Está, porém, sendo ameaçado por questões protocolares. Se o registro não for obtido até o próximo dia 7, o partido estará excluído daquele pleito. E parece ser esse o objetivo.
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Supunha-se que tal procedimento, por elementar, já tivesse sido efetuado antes do julgamento. Afinal, supõe-se que quem vai julgar alguma coisa já se familiarizou com ela, ao menos nos seus fundamentos mais primários.
O que está em pauta é a acusação de que, no processo de assinaturas de adesão, o PSD recorreu a assinaturas falsas. De fato, elas foram constatadas. Mas, quem já criou partido sabe que isso é inevitável. A coleta é entregue a centenas de pessoas em todo o país e nem todas agem com correção.
Por isso mesmo, há a peneira dos cartórios, para identificar o que é falso e o que é legítimo. Assim foi feito com o PSD e com todos os partidos que o precederam.
A diferença – e aí consiste a estranheza - é que, desde que o processo teve início, os adversários do PSD, a maioria do DEM, passaram a acompanhar esse varejo de perto e a denunciá-lo como irregular por inteiro, tomando a parte como se fosse o todo.
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Nenhum partido – e o país tem cerca de quatro dezenas deles, a maioria desconhecida do público – passou por tal rigor. Os antigos aliados do DEM torciam como flamenguistas na arquibancada no dia do julgamento, aliando-se na causa aos petistas, que pelo menos têm razões de ordem ideológica para fazê-lo.
O PSD é um partido conservador, como o DEM, o que deveria gerar entre ambos alguma cordialidade. Estarão juntos (ao menos em tese) nas mesmas causas. O que os divide são questiúnculas regionais e/ou pessoais, que tornaram o convívio precário.
O surgimento de uma força partidária com efetiva representatividade, de teor liberal conservador, corresponde a uma demanda real da política brasileira, onde quase todas as siglas estão à esquerda. Para o eleitor, seja qual for seu perfil ideológico, é sempre melhor saber com quem está falando.
No quadro atual, prevalece a geleia geral do fisiologismo, em que o esquerdista PT, para chegar à Presidência, aliou-se a seu antípoda ideológico, o PL de José Alencar. E Dilma, para garantir a governabilidade, alia-se a quem se dispuser a trocar votos por cargos. É pela manutenção desse status quo que lutam os que não querem que o PSD obtenha seu registro.
Fonte: Jornal da Comunidade - Opinião
Blog do Edson Sombra
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