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MINISTRO PEDRO NOVAIS |
Pedro Novais apronta mais uma: em seu tempo de deputado, contratou governanta com verba da Câmara; antes, pagara festa em motel no Maranhão com dinheiro público; presidente Dilma o coloca na cota dos "ineficientes e inadequados", mas ele tem padrinhos fortes
Evam Sena_247, em Brasília – Até ontem, as denúncias que cercam o Ministério do Turismo, e que levaram à prisão de 36 pessoas na Operação Voucher da Polícia Federal, não tinham atingido diretamente o ministro Pedro Novais (PMDB). O convênio fraudulento de R$ 4 milhões com o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento de Infraestrutura Sustentável (Ibrasi) havia sido assinado antes de ele assumir o mandato.
A liberação de verbas desviadas foi autorizada pelo número 2 da pasta, Frederico da Silva Costa, ou pelo secretário de Programas de Desenvolvimento de Turismo, Colbert Martins, ambos presos, já soltos e afastados dos cargos. Em audiência no Senado, Pedro Novais jogou publicamente a responsabilidade para as gestões anteriores, sem citar os ex-ministros Marta Suplicy e Luiz Baretto Filho, ambos do PT.
Hoje, notícia veiculada pela Folha de S. Paulo, porém, envolve pessoalmente o atual ministro e promete abalar, mais uma vez, sua permanência no cargo. O jornal afirma que Novais usou dinheiro público, entre 2003 e 2010, quando era deputado do Maranhão, para pagar a governanta Doralice Bento de Sousa em seu apartamento em Brasília.
Dora não aparecia na Câmara, mas recebia como assessora do parlamentar. No apartamento de Novais, ela fazia serviços domésticos. Segundo a Folha, ela dormia com alguma frequência na casa de Novais e acompanhava a família em viagens. O ministro e a governanta dizem que ela trabalhava no gabinete do então deputado.
Não é a primeira vez que Novais é pego por fazer uso indevido de dinheiro da Câmara. Em dezembro, logo após ter sido escolhido para ministro, o Estado de S. Paulo revelou que ele usou verba indenizatória para pagar uma festa em um motel do Maranhão. Ele negou e devolveu o dinheiro.
O que segura Novais no cargo é a força de quem o indicou: o líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN) e o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). Em sua posse como ministro, em janeiro, estava presente toda a cúpula peemedebista, incluindo o vice-presidente Michel Temer.
Novais, no entanto, não conta com o apoio do próprio PMDB e a própria liderança de Henrique Alves começou a ser questionada. Deputados do partido, incluindo a vice-presidente da Câmara, Rose de Freitas (ES), tentam rifar o ministro. Com a Operação Vouche, a cabeça de Novais também foi pedida pela OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), que justificou o "comprometimento muito forte" do ministro com a estrutura fraudulenta do ministério.
O ministro do Turismo não tem uma boa relação nem com a presidente Dilma. Apesar da importância da pasta para a realização da Copa de 2014 e Olimpíadas de 2016, a presidente só recebeu Novais para audiência individual seis meses depois do início do mandato, e por somente meia hora. Segundo auxiliares do Planalto, Dilma incluiu Novais na lista de ministros considerados "ineficientes" e "inadequados" na máquina administrativa.
As denúncias investigadas pela PF levaram Novais a pensar em deixar o ministério. Depois de afagos da cúpula do PMDB e do governo, ele recuou, suspendeu os convênios com suspeitas de fraudes e pediu auditoria da CGU (Controladoria-Geral da União). Mais uma denúncia de uso indevido de verbas públicas da Câmara ameaçam, no entanto, a defesa pública do Palácio do Planalto e o apoio ainda existente de seu partido.
Fonte: Brasília 247 - 13 do Setembro de 2011 às 14:09

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