Insatisfação se arrasta desde o início do governo. Cansados de acordos não cumpridos e de falta de prestígio, deputados se organizam e formam exército capaz de frear iniciativas do Executivo
Priscila Mesquita_Brasília247 – O placar da produção legislativa nesse segundo semestre está em 15 x 2 para as iniciativas de parlamentares. Foram 15 projetos de deputados aprovados, contra apenas dois de autoria do governo do Distrito Federal (GDF). Essa desvantagem por parte do GDF é rara. E não está acontecendo por acaso. Os distritais estão prestes a declarar guerra ao Executivo.
Detalhe: os dois projetos de autoria do Executivo foram aprovados não por articulação do GDF, mas pelo teor das propostas. O primeiro abriu crédito para pagamento de servidores de diversas áreas, como Saúde e Educação.
Parlamentares raramente votam contra projetos que beneficiam funcionários públicos. E o segundo, apesar de ser de autoria do Executivo, permitirá a construção de uma biblioteca pública na sede do Conselho de Justiça Federal (CJF). Dias antes o presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e do CJF, Ari Pargendler, foi pedir apoio à proposta pessoalmente aos deputados, em reunião na presidência da Casa.
A aprovação das propostas dos distritais foi na quinta-feira. A vontade deles de demonstrar a capacidade de votação foi tamanha que eles cancelaram uma Comissão Geral, prevista para ocorrer no dia, para que pudessem realizar a sessão ordinária de votação.
Com quase um mês de trabalho depois do recesso, a insatisfação dos parlamentares em relação ao governo e ao governador Agnelo Queiroz foi a principal motivação da reunião de 21 deputados, mais o distrital licenciado Alírio Neto (secretário de Justiça), segunda-feira, em almoço na casa de Cristiano Araújo (PTB).
O anfitrião, aliás, é um dos mais insatisfeitos. Ele aguarda a indicação formal para ocupar uma secretaria há quase dois meses. Chegou a viajar com o governador para a China para resolver o problema, que se arrasta até hoje.
Wasny de Roure (PT), líder do governo; Patrício (PT), presidente da Câmara Legislativa; toda a bancada petista, com exceção de Chico Vigilante; e outros parlamentares considerados aliados de primeira hora participaram do almoço. Além de Vigilante, as únicas ausências foram do democrata Raad Massouh (que estava viajando) e Dr. Michel (PSL), que disse não ter sido convidado.
A insatisfação também tem origem em questões mais simples, como pedidos de audiência feitos há dois meses e que nunca foram respondidos. Os deputados se sentem absolutamente desrespeitados por não receberem sequer uma resposta dos secretários de Estado.
Há também a briga por cargos e espaços na administração pública. Essa disputa ainda não acabou. É motivo de desavenças que começaram no início do ano, durante a montagem do governo, e continuam, causando estremecimento a cada edição do Diário Oficial do DF.
Na próxima semana, os deputados podem demonstrar de forma mais clara a indisposição com o governador. Convocar secretários e derrubar propostas importantes do Executivo são algumas armas já preparadas.
Fonte: Brasília 247 - 28 do Agosto de 2011 às 10:00.
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