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sexta-feira, 5 de agosto de 2011

COMO PERSONAGEM DE HANNA & BARBERA, PATRÍCIO LÊ GIBRAN..?

Presidente da Câmara Legislativa costuma fazer pose de bom mocinho, mas se perde no meio de caminhos tortuosos. O poder do quartel é outro, e máscaras, todos sabem, um dia caem. Até as de quem o acham um deus

Por  José Seabra

Quem olha para a Câmara Legislativa do Distrito Federal, se permite uma viagem insólita e até certo ponto risível. Disputa-se ali uma corrida maluca com personagens que se assemelham em muito àqueles criados por Hanna & Barbera. Suas frágeis paredes registram conversas tenebrosas de deputados arredios, tão escorregadios quanto o seu piso mal colocado. Nessas ocasiões ouve-se a voz da consciência por interesses próprios.

Entre os 24 representantes do povo que lá têm assento, apenas três rezam a cartilha da oposição. São uma exceção. Mosqueteiras (como se convencionou dizer) que pensam mais no povo do que em si mesmas. Como na obra de Alexandre Dumas, combatem o mal. Os outros vinte e um não têm um canal com a sociedade. Não fazem o que deles se espera. Ao contrário, se espelham, como se doutrinados pela Bíblia, na imagem do chefe Patrício, que acredita ter no peito uma estrela que brilha mais do que o Sol.

Mas quem marcha em ordem unida com o presidente da Câmara Legislativa, pode sujar suas botinas. É verdade que o deputado Patrício bem que tentou construir uma imagem limpa, de bom moço, por ter conduzido a Casa durante “o pior momento”, como ele mesmo costuma classificar a crise da Caixa de Pandora, que defenestrou do Poder Legislativo brasiliense ao menos três distritais, além de ter provocado a prisão e posterior renúncia do ex-governador José Roberto Arruda pelos escândalos nacionalmente conhecidos após a divulgação da videoteca de Durval Barbosa.

Entretanto, Patrício apenas tentou.

Ex-cabo da PM, o presidente incorpora a disciplina militar para manter a ordem na Casa. Ou ao menos a aparência. Porém, tem tropeçado passo após passo. A título de ilustração, basta lembrar que foi recordista em ausências na condução dos trabalhos no primeiro semestre. 

No entanto, mais fácil é flagrar o deputado em eventos do Executivo, ao lado dos escudeiros, do que no Poder para o qual foi eleito pelo povo para representar e pelos parlamentares para administrar.

Patrício, embora invariavelmente abandonado pelo cerimonial palaciano, nem por isso deixou de conduzir no primeiro semestre votações quando acionado pelo Buriti. Tornou-se assíduo, no entanto, quando virou alvo constante de comentários sobre o descaso com o trabalho que lhe foi confiado.

O deputado costuma dizer que não faz promessas, mas sim, que assume compromissos. Quando questionado sobre determinados assuntos, ouve-se dele um esbravejado "tenho honra”. Contudo, a realidade mostra um caminho diferente. Patrício prometeu prioridade para servidores concursados, mas depois de eleito virou as costas para o quadro de pessoal. Prometeu reformas na Casa, durante o recesso, mas nada de mudança ocorreu. 

Procura mostrar-se como um homem íntegro, de palavra. Na prática o que se vê é outra coisa.

Considerada a origem de farda de Patricio, é comum registrar-se a sua descabida arrogância. Prepotência, ressalte-se, que já foi pauta de conversas de parlamentares, inclusive de aliados. Um verdadeiro “parlapatão”, como diriaFernando Collor de Mello, que despista a verdadeira ignorância em meio a ternos bem cortados e com presença constante em alguns dos restaurantes mais badalados de Brasília.

Quem dirigir o olhar para a Câmara Legislativa, verá um quadro triste. Quem fixar os olhos e analisar a postura do seu presidente, identificará com facilidade um ex-cabo que deixou de ser praça para ser um soldado de interesses. Se fosse do povo, ótimo. O problema é: de quem? Esse é um segredo guardado a sete chaves, que nem mesmo seus assessores mais próximos conseguem esmiuçar.
 
Com o fim do recesso parlamentar, a Câmara Legislativa voltou a fervilhar. Muita gente nova começa a circular por aqueles escorregadios corredores. São olhos e ouvidos atentos em busca de novos deslizes que destruirão a fantasia brechonesca de bom-moço que Patrício vestiu. Gibran, em O Louco, mostra que a máscara cai ou é retirada de quem a usa. Metáforas que dizem de uma realidade vistosa.

O cronômetro indica que se aproxima o fim da corrida maluca. Tic-tac, tic-tac, tic-tac...

Fonte:  Blog do José Seabra

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