No próximo dia 23 de agosto, movimento “Reage, Brasília” convoca os cidadãos do Distrito Federal para uma passeata contra a corrupção que insiste em não terminar na capital do país
por Eduardo Militão – Congresso em Foco

Mas moradores da cidade resolveram parar de reclamar. No próximo dia 23 de agosto, eles saem às ruas em passeata e panfletagem contra a corrupção e a má administração da coisa pública. É o movimento “Reage, Brasília”, que acontecerá no Eixo Monumental da capital, mas no lado oposto ao Congresso Nacional, onde ficam os órgãos públicos distritais. O grupo de manifestantes vai entregar um manifesto ao governador de Brasília, Agnelo Queiroz (PT), e a representantes do Tribunal de Justiça e da Câmara Legislativa brasiliense. Ao final, vão promover um show cultural no Eixo Monumental.
Motivação não falta para o protesto, embora seja difícil pontuar todos os casos. “Não foi um caso só. Foi o conjunto”, afirma o estudante de direito Diego Ramalho, de 24 anos, um dos coordenadores da manifestação.
Diego é um dos integrantes do movimento “Adote um Distrital”, pelo qual as pessoas escolhem um dos deputados para fiscalizar e denunciar seus desvios. A continuação de denúncias de irregularidades e de situações de impunidade em Brasília mesmo depois do escândalo do mensalão comandado pelo ex-governador José Roberto Arruda levou os integrantes do grupo à ideia de uma reação organizada contra a situação. “A gente falou: ‘Vamos ficar só reclamando ou vamos fazer alguma coisa?’. Aí começou a mobilização nas redes sociais”, conta Ramalho. A partir desta semana, começa a articulação para pedir apoio a entidades como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), sindicatos e igrejas, além do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE) local.
O “Reage, Brasília” convida toda a população a participar. Quem não puder ir, poderá manifestar seu apoio usando camisetas pretas ou colocando tarjas negras nos braços ou nos carros. Ramalho diz que dedicar parte da vida aos movimentos sociais e ao exercício da cidadania dá um pouco de trabalho, mas vale a pena.
“Com certeza, não é todo mundo que faz isso, mas se cada um fizer um pouquinho, fiscalizando na sua cidade, é bem menos trabalho”, diz o estudante de direito. “Mas é tudo um processo”, conta ele.
Parlamento
Ramalho e outras 23 pessoas coordenam um grupo de pessoas que monitoram de perto o Poder Legislativo local. O movimento “Adote um distrital” funciona assim: cada pessoa “apadrinha” um deputado distrital da Câmara Legislativa do Distrito Federal. A partir daí, passa a acompanhar de perto o mandato dele: votações, gastos de verba indenizatória, doações de campanha, reportagens que citam seu nome.
O “padrinho” do político passa a mandar mensagens eletrônicas para o distrital cobrando determinadas posturas. E mais: tudo o que é feito é publicado no site do movimento. Lá, há todas as informações sobre os 24 deputados da Câmara Legislativa. Veja o site www.adoteumdistrital.com.br
Qualquer um pode adotar um deputado. Basta escolher um deles na lista de biografias do site e preencher um cadastro no site. Depois, os coordenadores do “Adote” entram em contato com o voluntário e o integram à “rede” de pessoas que já apadrinham aquele político.
O grupo é ligado ao Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral de Brasília, ONG que conseguiu aprovar a lei da Ficha Limpa, aquela que impede políticos condenados por um colegiado de juízes de serem candidatos. De acordo com os organizadores do “Adote”, a ideia não é nova. Em São Paulo, o jornalista Milton Jung, da rádio CBN, conseguiu articular um grupo de 55 pessoas que fiscalizam atentamente cada um dos 55 vereadores da maior cidade do Brasil.
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