Nas mãos de seis ministros de dois tribunais superiores estão o futuro desses dois homens.
José Roberto Arruda: "Joguei o jogo da política brasileira"
Paulo Roberto Costa na luta para sair da cadeia, delata o que pode ser o
maior escândalo de corrupção depois do Mensalão do PT. O futuro deste,
se encontra na mão do ministro do Teori Zavascki do Supremo Tribunal
Federal.
Já no outro caso, tentando a todo custo voltar ao Palácio do Buriti, o
ex-governador José Roberto Arruda que tem seu envolvimento comprovado
(palavras dele), no que ficou conhecido como Mensalão do DEM, recorreu
ao STJ. Ele depende da maioria de um colegiado de cinco votos naquela
corte para continuar na sua luta incansável de voltar ao poder.
Paulo Roberto inicia um caminho que será longo, penoso, ganhará com seu
gesto o ódio de seus ex-colegas e pseudos amigos. Esse caminho aqui no
Distrito Federal já foi percorrido por um outro colaborador do
Judiciário, do Ministério Público e da Policia Federal e deu frutos
positivos no combate ao assalto dos cofres do GDF. Falo de Durval
Barbosa. Passados cinco anos as informações prestadas pelo colaborador
do que ficou conhecido como Operação Caixa de Pandora e politicamente
como Mensalão do DEM restou tudo provado, era tudo verdade.
Durval falou que bancou a campanha de José Roberto Arruda em 2006.
Foram 45 milhões de Reais, valores da época. Ele apresentou as notas
fiscais. A maior parte da campanha foi bancada pelo sócio do conhecido
Carlinhos Cachoeira, o Messias. A denuncia de Durval Barbosa esta muito
bem documentada. A delação feita por Durval Barbosa é rica em detalhes e
foram esses detalhes que levaram a uma empresa de nome Patamar que
pagou a AB produções a quantia de R$ 1.250. 000, 00 Reais, e foi um
detalhe que levou os investigadores a nota fiscal da produtora que ao
errar a nota colocou claramente que o dinheiro era para a campanha do
atual candidato José Roberto Arruda. Ao se dá conta, o titular da
produtora procura, vai falar com o Durval. Diz que precisa trocar a
nota. Eles trocam a nota. Esse detalhe foi importante para confirmar as
revelações de Durval. As duas notas fiscais foram apreendidas, a
original e a falsa. E um vídeo revelador, dissertativo e conclusivo para
se provar os desvios de recursos públicos oriundos da Codeplan que
foram feitos para abastecer e prover a candidatura de Arruda em 2006.
"Campanha do Fantoche", esse era o termo usado pelo seus antigos
apoiadores financeiros de campanha.
Em 2011 Arruda disse que ajudou líderes do DEM a captar dinheiro.
"Segundo o ex-governador, o dinheiro da quadrilha que atuava em Brasília
alimentou campanhas de ex-colegas como José Agripino Maia e Demóstenes
Torres." Em 2014 Paulo Roberto delata e diz que desviou recursos da
Petrobras para integrantes da base política do governo federal.
Cinco ministros devem participar da sessão de hoje no colegiado do
Superior Tribunal de Justiça: Ari Pargendler, Napoleão Nunes Maia Filho
que é relator do processo, Benedito Gonçalves, Sérgio Kukina e Regina
Helena Costa. Única mulher da turma, a ministra Regina passou a compor o
colegiado há menos de duas semanas. Ontem à noite era dada como certa a
ausência na sessão de hoje do ministro Ari Pargendler. Se isso
realmente acontecer, poderá estar ai grande trunfo para a vitória de
Arruda no dia de hoje.
José Roberto Arruda procura uma saída no STJ para anular a condenação
por improbidade administrativa que lhe foi imposta em primeira instância
no TJDFT, e com a possível decisão favorável no STJ, que o próprio
Arruda já disse ter 90% de chance, no TSE, irá derrubar o resultado
negativo imposto pelo órgão no mês passado. Com as decisões lhes sendo
positivas, Arruda seguirá na campanha rumo ao Palácio do Buriti.
Só para relembrar, Arruda e a deputada federal Jaqueline Roriz (PMN)
foram condenados em primeira instância por improbidade administrativa,
em decisão do juiz Álvaro Ciarlini. O Ministério Público alegou que a
parlamentar teria recebido dinheiro de Durval Barbosa a mando de José
Roberto Arruda. Em junho deste ano, o TJDFT marcou o julgamento em
segunda instância na 2ª Turma Cível. Os advogados recorreram ao STJ e
conseguiram suspender a apreciação do caso, alegando a falta de uma
decisão definitiva sobre a suposta suspeição do juiz Álvaro Ciarlini. O
caso foi parar no STF e o então presidente da Corte, Joaquim Barbosa,
derrubou a liminar e determinou a realização do julgamento. Em 9 de
julho, a 2ª Turma Cível manteve a condenação do candidato do PR. A
esperança agora é derrubar essa decisão.
Na última quinta-feira, o STJ negou um agravo regimental apresentado
pelo Ministério Público que questionava a distribuição de uma Medida
Cautelar de Arruda para relatoria do ministro Napoleão Nunes Maia Filho.
O magistrado já havia relatado um processo de outro réu em uma ação de
improbidade por envolvimento na Pandora. Nesse caso, o acusado pediu a
suspeição de Ciarlini e obteve êxito, já que a 1ª Turma acatou os
argumentos da defesa — com voto favorável do ministro Napoleão. O STJ
manteve o ministro na relatoria do recurso de Arruda.
Enquanto isso, preso, Paulo Roberto só quer ver confirmado pelo
ministro Teori Zavascki o termo de sua delação premiada. Se o resultado
for positivo Paulo Roberto seguirá para casa, ficará ao lado da família.
Faço essas observações por ficar como muitos brasileiros, sem entender,
certas coisas da política no Distrito Federal e no resto do Brasil.
Parece que apesar de todos os escândalos, nada muda.
Ao ler em reportagem da revista Veja, fragmentos da tentativa de
delação premiada do Sr. Paulo Roberto Costa publicados, e que deixou
estarrecido o mais analfabeto dos brasileiros, me levou a seguinte
conclusão, só nos resta, confiarmos em uma única instituição, o
JUDICIÁRIO.
Quando li a reportagem, me veio a lembrança uma entrevista do
ex-governador do Distrito Federal José Roberto Arruda concedida à mesma
revista no dia 17/03/2011, nela ao ser indagado pelo repórter se ele (
Arruda) era corrupto? Ele ( Arruda ) responde: "Infelizmente, joguei o
jogo da política brasileira. As empresas e os lobistas ajudam nas
campanhas para terem retorno, por meio de facilidades na obtenção de
contratos com o governo ou outros negócios vantajosos." Passados alguns
poucos anos, Arruda parece ter esquecido o que falou e tenta voltar ao
Governo do Distrito Federal a todo custo. Para isso tenta anular uma
condenação que já foi confirmada pelo Tribunal de Justiça do Distrito
Federal. Tenta que seja julgado suspeito o juiz que o condenou, aliás
suspeição que já foi afastada pelo próprio Tribunal de Justiça do
Distrito Federal na Segunda instância.
É através do JUDICIÁRIO, que o Sr. Paulo Roberto ao abrir o seu
arquivo, começa a revelar o que vivemos cansados de saber. Paulo Roberto
delator do esquema, começa a limpar a sua alma. Dos que são acusados,
só ouvimos uma resposta: tudo mentira. Se calam.
Arruda solto, soltou o verbo, diferente de Paulo Roberto que
vislumbrava pegar mais de 30 anos de cadeia e resolveu abrir a boca.
Paulo Roberto acusa políticos e partidos da base aliada ao governo
Federal de terem através dele se locupletado de vultosas quantias
desviadas da Petrobras. Sobrou até para o finado Eduardo Campos. Pelo
que estamos vendo e lendo os ideais políticos estão sucumbindo a
patifaria do enriquecimento pessoal de meia dúzia de marginais que veem
na nação uma forma de criarem castas de poder.
Na ocasião que foi entrevistado o ex- governador do DF já falava isso
"Ninguém se elege pela força de suas ideias, mas pelo tamanho do bolso. É
preciso de muito dinheiro para aparecer bem no programa de TV."
"E as campanhas se reduziram a isso." Palavras de Arruda.
Diante dos dois quadros que aqui retrato me faço uma pergunta, e por
que Arruda quer voltar? O que mudou do dia da entrevista concedida por
Arruda até os dias de hoje? Quando vemos Paulo Roberto delatar o que
parece ser um grande esquema para campanhas políticas.
Pelo jeito que as coisas vão só nos resta o Judiciário. Ou não é? .
Entrevista: a revista Veja online
Arruda diz que ajudou líderes do DEM a captar dinheiro
Segundo o ex-governador, dinheiro da quadrilha que atuava em Brasília
alimentou campanhas de ex-colegas como José Agripino Maia e Demóstenes
Torres
José Roberto Arruda foi expulso do DEM, perdeu o mandato de governador e
passou dois meses encarcerado na sede da Polícia Federal (PF), em
Brasília, depois de realizada a Operação Caixa de Pandora, que descobriu
uma esquema de arrecadação e distribuição de propina na capital do
país. Filmado recebendo 50 mil reais de Durval Barbosa, o operador que
gravou os vídeos de corrupção, Arruda admite que errou gravemente, mas
pondera que nada fez de diferente da maioria dos políticos brasileiros:
“Dancei a música que tocava no baile”.
Em entrevista a VEJA, o ex-governador parte para o contra-ataque contra
ex-colegas de partido. Acusa-os de receber recursos da quadrilha que
atuava no DF. E sugere que o dinheiro era ilegal. Entre os beneficiários
estariam o atual presidente do DEM, José Agripino Maia (RN), e o líder
da legenda no Senado, Demóstenes Torres (GO). A seguir, os principais
trechos da entrevista:
O senhor é corrupto?
Infelizmente, joguei o jogo da política brasileira. As empresas e os
lobistas ajudam nas campanhas para terem retorno, por meio de
facilidades na obtenção de contratos com o governo ou outros negócios
vantajosos. Ninguém se elege pela força de suas ideias, mas pelo tamanho
do bolso. É preciso de muito dinheiro para aparecer bem no programa de
TV. E as campanhas se reduziram a isso.
O senhor ajudou políticos do seu ex-partido, o DEM?
Assim que veio a público o meu caso, as mesmas pessoas que me bajulavam
e recebiam a minha ajuda foram à imprensa dar declarações me
enxovalhando. Não quiseram nem me ouvir. Pessoas que se beneficiaram
largamente do meu mandato. Grande parte dos que receberam ajuda minha
comportaram-se como vestais paridas. Foram desleais comigo.
Como o senhor ajudou o partido?
Eu era o único governador do DEM. Recebia pedidos de todos os estados.
Todos os pedidos eu procurei atender. E atendi dos pequenos favores aos
financiamentos de campanha. Ajudei todos.
O que senhor quer dizer com “pequenos favores”?
Nomear afilhados políticos, conseguir avião para viagens, pagar programas de TV, receber empresários.
E o financiamento?
Deixo claro: todas as ajudas foram para o partido, com financiamento de
campanha ou propaganda de TV. Tudo sempre feito com o aval do deputado
Rodrigo Maia (então presidente do DEM).
De que modo o senhor conseguia o dinheiro?
Como governador, tinha um excelente relacionamento com os grandes
empresários. Usei essa influência para ajudar meu partido, nunca em
proveito próprio. Pedia ajuda a esses empresários: “Dizia: ‘Olha, você
sabe que eu nunca pedi propina, mas preciso de tal favor para o
partido’”. Eles sempre ajudaram. Fiz o que todas as lideranças políticas
fazem. Era minha obrigação como único governador eleito do DEM.
Esse dinheiro era declarado?
Isso somente o presidente do partido pode responder. Se era
oficialmente ou não, é um problema do DEM. Eu não entrava em minúcias.
Não acompanhava os detalhes, não pegava em dinheiro. Encaminhava à
liderança que havia feito o pedido.
Quais líderes do partido foram hipócritas no seu caso?
A maioria. Os senadores Demóstenes Torres e José Agripino Maia, por
exemplo, não hesitaram em me esculhambar. Via aquilo na TV e achava
engraçado: até outro dia batiam à minha porta pedindo ajuda! Em 2008, o
senador Agripino veio à minha casa pedir 150 mil reais para a campanha
da sua candidata à prefeitura de Natal, Micarla de Sousa (PV). Eu
ajudei, e até a Micarla veio aqui me agradecer depois de eleita. O
senador Demóstenes me procurou certa vez, pedindo que eu contratasse no
governo uma empresa de cobrança de contas atrasadas. O deputado Ronaldo
Caiado, outro que foi implacável comigo, levou-me um empresário do setor
de transportes, que queria conseguir linhas em Brasília.
O senhor ajudou mais algum deputado?
O próprio Rodrigo Maia, claro. Consegui recursos para a candidata à
prefeita dele e do Cesar Maia no Rio, em 2008. Também obtive doações
para a candidatura de ACM Neto à prefeitura de Salvador.
Mais algum?
Foram muitos, não me lembro de cabeça. Os que eu não ajudei, o Kassab
(prefeito de São Paulo, também do DEM) ajudou. É assim que funciona.
Esse é o problema da lógica financeira das campanhas, que afeta todos os
políticos, sejam honestos ou não.
Por exemplo?
Ajudei dois dos políticos mais decentes que conheço. No final de 2009,
fui convidado para um jantar na casa do senador Marco Maciel. Estávamos
eu, o ex-ministro da Fazenda Gustavo Krause e o Kassab. Krause explicou
que, para fazer a pré-campanha de Marco Maciel, era preciso 150 mil
reais por mês. Eu e Kassab, portanto, nos comprometemos a conseguir,
cada um, 75 mil reais por mês. Alguém duvida da honestidade do Marco
Maciel? Claro que não. Mas ele precisa se eleger. O senador Cristovam
Buarque, do PDT, que eu conheço há décadas, um dos homens mais honestos
do Brasil, saiu de sua campanha presidencial, em 2006, com dívidas
enormes. Ele pediu e eu ajudei.
Então o senhor também ajudou políticos de outros partidos?
Claro. Por amizade e laços antigos, como no caso do PSDB, partido no
qual fui líder do Congresso no governo FHC, e por conveniências
regionais, como no caso do PT de Goiás, que me apoiava no entorno de
Brasília. No caso do PSDB, a ajuda também foi nacional. Ajudei o PSDB
sempre que o senador Sérgio Guerra, presidente do partido, me pediu. E
também por meio de Eduardo Jorge, com quem tenho boas relações. Fazia de
coração, com a melhor das intenções.
Fonte: Blog do Edson Sombra, Revista Veja e Correio Braziliense.
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