Disse aqui que era prematuro criticar William Bonner pela cobrança até agressiva das supostas contradições de Aécio Neves e Eduardo Campos. Alertei que a crítica era precipitada, pois Dilma ainda não havia sido entrevistada.
Pois bem: ontem foi seu dia, e Bonner demonstrou independência e coragem, ao apertar a “presidenta” nos minutos iniciais sobre questões éticas delicadas, as quais Dilma não tem como responder. Por isso mesmo fugiu pela tangente, como se pode ver aqui.
O que Dilma pensa sobre a postura oficial de seu próprio partido, que trata mensaleiros julgados, condenados e presos como vítimas, guerreiros injustiçados, heróis? Concorda ou discorda do PT? Não respondeu. Não pode se manifestar sobre outro poder, no caso o Judiciário.
Mas a pergunta não foi essa! Dado que houve a condenação pelo STF, cujos ministros ela mesma e o ex-presidente Lula apontaram na maioria dos casos, o que dizer sobre o infame ataque do PT ao Supremo para defender corruptos condenados? Silêncio.
Patrícia Poeta fez cara de paisagem ao lado do apresentador do JN, e sequer foi capaz de pressionar Dilma em relação aos pontos absurdos do programa Mais Médicos. Uma estátua faria papel semelhante. Bonner teve de retomar a palavra para cobrar de Dilma respostas sobre o evidente fracasso da economia, tema que não poderia ficar de fora da entrevista.
Dilma foi ficando visivelmente abatida, nervosa, incapaz de responder as questões levantadas. Compreende-se: seu papel é mesmo inglório, o de defender o indefensável. Chegou a afirmar que a inflação está em zero, usando o último dado disponível mensal, e ignorando que o índice acumulado em 12 meses está no topo da meta elevada do BC, de 6,5%, mesmo com vários preços represados pelo governo.
Foi um show de horror! Quando vemos uma presidente tão na defensiva, insegura, tergiversando desesperadamente para não ter de enfrentar seu péssimo legado, e depois lembramos que essa mesma presidente está liderando as pesquisas eleitorais, não há como evitar um enorme grau de perplexidade: o que está acontecendo com o Brasil?
Fonte: Coluna do Rodrigo Constantino.
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