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terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Postos policiais são alvos de vandalismo 'Desgoverno sem limites'

A depredação de unidades comunitárias de segurança demonstra o abandono da iniciativa criada para dar maior eficiência no combate ao crime. PMs destacam a falta de efetivo para manter policiais nas unidades e outros fazerem rondas. 

Dois PCS de Santa Maria foram apedrejados na madrugada de sexta-feira em Santa Maria: um na Quadra 417...
 
Se a proposta inicial dos Postos Comunitários de Segurança (PCS), da Polícia Militar, era inibir e coibir a ação de vândalos e bandidos no Distrito Federal, o tempo mostrou que as instalações pouco intimidam os mais ousados. Nos últimos dias, pelo menos quatro unidades foram depredadas e tiveram portas e janelas quebradas. Propostos pelo governo passado e criados em 2008, muitos dos PCS estão abandonados e sucateados. Na semana passada, o Correio percorreu vários deles e detectou o descaso dos locais que deveriam oferecer mais segurança à população. No Guará, por exemplo, o espaço está fechado com correntes e cheio de pichações. Ninguém vê policiais lá dentro há muito tempo.
 
... E outro na Quadra 203: "Com os vidros quebrados, temos que ficar cuidando do posto e não podemos sair"
 
No Guará 2, o espaço está fechado com correntes e cheio de pichações: sem policiais há muito tempo
 
"Depois que criaram (os postos), não fui mais assaltado. Eles oferecem segurança, o problema é que algumas pessoas os depredam" Cláudio Maciel, 43 anos, comerciante

Armados com pedras e até bombas, vândalos danificam constantemente os postos comunitários. No Riacho Fundo 2, na semana do Natal, pessoas não identificadas picharam o local e direcionaram xingamentos aos policiais militares. No momento da ação, os PMs haviam saído para fazer patrulhamento na região. A tinta preta foi retirada pelos próprios policiais. “É complicado. Se a gente fica dentro do posto, a população fica sem reforço no policiamento. Se a gente vai para o patrulhamento, fazem isso. E com o efetivo que a PM tem hoje, não dá para colocar mais policiais na rua”, conta um militar, que preferiu não ter o nome divulgado.

Se, no Riacho Fundo 2, os policiais conseguiram limpar as marcas dos vândalos, em Santa Maria PMs trabalham ao lado de vidros estilhaçados e de uma rampa quebrada. Na madrugada de sexta-feira, dois PCS foram alvos de vândalos, nas quadras 203 e 417 da região administrativa. Com pedras e uma bomba, quebraram as portas, o corrimão e a rampa de acesso. Em seguida, saíram sem que fossem identificados. Dias antes, outra unidade na mesma região foi danificada. “Quem perde com isso é a população. Agora, com os vidros quebrados, temos que ficar cuidando do posto e não podemos sair para fazer ronda”, disse um policial, que também prefere manter o anonimato. Somente em Santa Maria, pelo menos três unidades estão depredadas. Até o fechamento desta edição, nenhum suspeito havia sido preso.

Apesar da situação em que se encontram vários postos comunitários, boa parte dos comerciantes acredita que a instalação das unidades amenizou a ação de bandidos. Proprietário de uma padaria em Santa Maria há 16 anos, Cláudio Maciel, 43, disse que, desde que um dos postos foi instalado perto do estabelecimento dele, na Quadra 417, o local não foi invadido por assaltantes. “Antes, roubavam o tempo inteiro. Foram uns 40 roubos. Depois que criaram, não fui mais assaltado. Eles oferecem segurança, o problema é que algumas pessoas depredam os locais”, contou o comerciante. 

Estrutura 

Não bastasse a ação criminosa, os PCS também sofrem com a falta de estrutura básica. Dentro das unidades visitadas pelo Correio, não há computadores ou telefones. As poucas cadeiras com estofado de couro destinadas aos militares estão rasgadas. E, se a proposta era aproximar a polícia da população, o espaço não agrada a quem precisa do atendimento. “A gente chega ao posto e não tem onde sentar direito. Eles (os policiais) não têm computador para registrar nossa reclamação e não podem deixar o lugar para nos acompanhar, senão fica vazio e quebram tudo. Gastaram muito dinheiro e não conseguimos aproveitar nem o policial nem o posto”, reclama um morador de Santa Maria, que prefere não se identificar.

Na Quadra 31 do Guará 2, o posto comunitário está abandonado. Fechado com correntes e com pichações por todos os lados, caiu em desuso. “Foi-se o tempo que a gente via policiais aí dentro. Não me lembro mais nem há quanto tempo está largado”, contou a funcionária de um comércio localizado em frente à unidade. Segundo a mulher, o endereço é reduto de moradores de rua durante a noite.

Os Postos Comunitários de Segurança foram promessa de campanha do ex-governador José Roberto Arruda. A proposta era a construção de 300 unidades, ao custo total de mais de R$ 215 milhões. Mas, segundo a Polícia Militar, apenas 120 foram, de fato, instalados. A reportagem enviou várias solicitações à PM, na última semana, para esclarecer quais estão ativos, entender o esquema de funcionamento de cada um, e também para que a corporação explicasse o que será feito a fim de evitar novas atos de vândalos. Até as 21h de sexta-feira, a PM não havia esclarecido as dúvidas.

Memória

Janeiro de 2013 

Um posto comunitário foi depredado na Quadra 5 do Park Way, perto de Águas Claras. O local estava abandonado, quando vândalos o invadiram e quebraram as portas de vidro. Dentro da unidade, reviraram cadeiras e outros objetos. Não furtaram nada. 

Agosto de 2012 

Um jovem de 20 anos apedrejou e quebrou os vidros do Posto Comunitário da Polícia Militar da Cidade Estrutural. Ele aproveitou o momento em que os militares saíram do local para auxiliar uma equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) em um socorro e danificou o espaço. Quando retornaram, os policiais flagraram o jovem ainda destruindo a vidraça.

Fonte: Kelly Almeida - Correio Web.

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