Amanhã,
o governador Eduardo Campos será a estrela do programa de propaganda
partidária gratuita do Partido Socialista. Deverá revelar a que vem,
como candidato às eleições presidenciais do próximo ano. Mais um degrau
que imagina galgar, provavelmente limitado pelo insosso e inodoro slogan
de que “podemos fazer mais e melhor”.
Fazer o quê, cara pálida, como linha auxiliar do Lula e de Dilma
Rousseff, igualmente voltado para a satisfação dos reclamos das elites
econômicas?
Não será por aí que o neto de Miguel Arraes conseguirá firmar-se, pois o
lugar já está ocupado por Aécio Neves e o neoliberalismo tucano. Como
também pelos dois governos do PT, mesmo voltados para o maior
assistencialismo das massas.
Está, o governador de Pernambuco, numa encruzilhada. Nada feito se
continuar faltando-lhe audácia para preencher o espaço vazio das
reformas fundamentais nos planos social e econômico, junto com a coragem
de encarar temas polêmicos que assolam a sociedade moderna. Não chegará
a lugar algum caso fique apenas na promessa de manter o bolsa-família, o
“minha casa, minha vida” e sucedâneos, bem como prometendo reduzir
impostos do capital, desafogar as folhas de pagamento, privatizar mais
patrimônio público e manter as atividades do estado a serviço das
minorias financeiras.
Por exemplo: o que pretende fazer Eduardo Campos para equilibrar a
distribuição de renda cada vez mais concentrada no alto empresariado
nacional e estrangeiro?
Deixará o salário mínimo nos ridículos patamares atuais, da mesma forma
sem preocupar-se com as agruras da classe média sempre comprometida com
mais encargos diretos e indiretos?
Reduzirá o esbulho da remessa de lucros das multinacionais para fora do
país, impedindo também a evasão de recursos nacionais oriundos da
especulação e da corrupção?
Permitirá a farra dos bancos sem redirecionar seus fantásticos lucros
para objetivos sociais? Continuará favorecendo as empreiteiras que
super-faturam obras realizadas pela metade e ainda exigem
estratosféricos reajustes? Ressuscitará o projeto que cria imposto sobre
as grandes fortunas?
Distribuirá a terra pelos que dela necessitam, estancando o crescimento das grandes propriedades improdutivas?
Ampliará o crédito para a micro e pequena empresa, limitando o
financiamento para os grandes conglomerados que hoje mais se valem dos
dinheiros públicos?
Dará aos empregados real participação no lucro das empresas, bem como promoverá a sempre prometida e nunca realizada co-gestão?
Quais suas propostas para estancar a violência urbana e rural? Pretende
mudar a lei para evitar benefícios em favor de autores de crimes
hediondos? No combate à corrupção, permanecerá tolerante diante do
conluio entre corruptos e corruptores, em especial nos mais altos
escalões do serviço público e do empresariado?
Respondendo a questões como essas, e muitas mais, tornar-se-á um
candidato capaz de avançar etapas em nosso desenvolvimento,
sensibilizando o eleitorado e ameaçando o modelo praticado pelos
companheiros. Nessa hipótese, poderá realmente fazer mais e melhor. Sem
ela, será apenas mais um candidato.
AINDA A REFORMA POLÍTICA
Não é o segundo, mas o vigésimo-oitavo tempo em que a reforma política
entrará em campo, no Congresso para defrontar-se com o poderoso time do
PIP, no caso, do Partido do Interesse Pessoal. As propostas tem sido
amplamente debatidas através do anos, mas a goleada sempre foi uma
constante. Todos os deputados e senadores, sem exceção, revelam-se
favoráveis à reforma política: redução do número de partidos, votos em
listas partidárias nas eleições proporcionais, fim das coligações nessas
eleições, financiamento público das campanhas, proibição de doações
particulares, extinção dos suplentes de senador,voto distrital, fim das
reeleições, ampliação dos mandatos executivos para cinco ou seis anos. E
muitas outras emendas à Constituição e às leis. Só que nada se aprova,
pela razão simples de que os encarregados da aprovação fogem dela como o
diabo da cruz.Seriam prejudicados, no todo ou nas partes da reforma.
Como milagres ás vezes acontecem, quem sabe?
Fonte: Tribuna da Imprensa - Por Carlos Chagas
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