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sexta-feira, 29 de março de 2013

Justiça tarda e a política não falha


A operação Caixa de Pandora foi determinante para o resultado da eleição de 2010. Simplesmente limpou o caminho para que o petista Agnelo Queiroz chegasse ao Palácio do Buriti. Até então imbatível, José Roberto Arruda teve que deixar a cena política. E a cidade.

Arruda mora hoje em São Paulo. Ele não deixa de acompanhar o que acontece em Brasília. Recebe políticos e ex-assessores. Faz contas, análises políticas e acredita que pode voltar em 2014. Mas é algo que não fala em público. Teme que isso possa acelerar os processos da Caixa de Pandora.

Se a operação da Polícia Federal ajudou Agnelo, desta vez a morosidade da justiça pode dar uma força para Arruda. Hoje ele pode ser candidato ao que bem quiser, basta se filiar a um partido. Sem condenação, Arruda é ficha limpa.

A denúncia do Ministério Público Federal contra Arruda e outros 36 acusados deve ser julgada ainda neste ano pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). A questão é que não deve ficar por lá muito tempo.

A denúncia deve ser desmembrada. Além do conselheiro do Tribunal de Contas do DF, Domingos Lamoglia, afastado desde dezembro de 2009, ninguém mais no processo tem foro privilegiado. Se Lamoglia for afastado ou decidir deixar o TCDF, toda a ação desce para primeira instância. Isso significa tempo, muito tempo.

No STJ, quem está responsável pela denúncia é o ministro Arnaldo Lima. Ele garante que organizará no gabinete um “pequeno mutirão” para acelerar a análise da defesa dos acusados e elaborar o relatório.

Depois de levar o caso à Corte especial do STJ, será decidido sobre a abertura ou não de ação penal. O escândalo estourou em novembro de 2009, mas a denúncia só foi feita pela Procuradoria-Geral da República em outubro do ano passado.

Se a Corte especial do STJ, formada pelos 15 ministros mais antigos do tribunal, decidir aceitar a denúncia, os acusados se tornarão réus em uma ação penal. Com a saída estratégica de Lamoglia do TCDF, o caso reinicia no TJDFT.

Arruda ganha tempo para decidir se vai participar do jogo em 2014. Aos amigos mais próximos, o ex-governador explica sua situação. Ele considera que seu apoio é importante a qualquer candidato que venha disputar o Palácio do Buriti. Mas faz questionamentos. “O que é melhor, estar dentro do campo e ser o artilheiro do campeonato, ou assistir tudo da arquibancada?”, diz, fazendo referência a ele mesmo ser o candidato contra Agnelo Queiroz.

O processo na justiça caminha a passos lentos para não ser impedimento a uma candidatura de Arruda. No entanto, ele só virá se tiver essa e outras certezas. Ele é um dos planos (A, B e C) do grupo que está se formando para enfrentar o PT.

Mesmo com o escândalo, Arruda preserva um bom potencial de votos. Até agora o governo Agnelo não fez o povo esquecer Arruda. Pelo contrário, age como seu principal cabo eleitoral.

À medida em que Agnelo perde aliados, fortalece o antigo grupo político de Brasília. E, para completar, contribui para a formação de uma terceira via. O senador Rodrigo Rollemberg (PSB) vem costurando uma chapa ousada. E também que pode dar muito trabalho.

Rodrigo tenta atrair os deputados Chico Leite (PT) e Zé Reguffe (PDT) para sua coligação. O primeiro seria candidato a vice-governador, enquanto o segundo iria disputar o Senado. Os dois negam, é claro. Se conseguir, ainda fecha o apoio do senador Cristovam Buarque (PDT).

A situação de Chico é mais complicada. Ele teria que sair do PT. A Rede de Marina Silva o espera de braços abertos, mas a situação não é tão simples. Para levar o campeão de votos do PT, a Rede precisa existir de fato. E oferecer condições eleitorais. De ideologia, político nenhum vive.

Reguffe é disputado também pelo grupo de Agnelo. Seria o candidato ao Senado da coligação, que despacharia o senador Gim Argello (PTB) para a frente de oposição. Pode até levar Reguffe, mas não leva Cristovam. O PDT iria manco para os braços do PT.

A impressão que se dá é que o Palácio do Buriti não está fazendo as contas direito. A cada avanço em conseguir um apoio, perde dois ou três. Os estrategistas do governo não conseguem fazer o fácil e insistem no complicado.

Rodrigo aposta no novo e no leve. Na ética e na juventude. Arruda na força política e na tradição. Quer unir as principais lideranças políticas da cidade. Quem assiste a tudo é o vice-governador Tadeu Filippelli (PMDB).

Se em 2010 o governo caiu no colo de Agnelo, em 2014 é Tadeu que espera sentado para ver o que vai acontecer.

Fonte: Blog do Callado

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