Ex-senadora anuncia apoio ao tucano na corrida pela Presidência e diz que compromissos firmados pelo político são uma nova "Carta aos brasileiros", em referência ao documento assinado por Lula em 2002
Em Aparecida (SP), o candidato tucano comemorou a adesão: 'É uma decisão que engrandece a boa política brasileira'
Uma semana depois de sair derrotada no primeiro turno da corrida
presidencial, a ex-senadora Marina Silva (PSB) declarou ontem voto em
Aécio Neves (PSDB) na reta final da disputa.
O apoio foi decidido depois de o tucano ler uma carta de compromissos
em que acatou a maioria das propostas de Marina, no último sábado, em
Pernambuco. Para especialistas, não há transferência automática dos 22,1
milhões de votos obtidos pela ex-ministra do Meio Ambiente. Eles
destacam, no entanto, que a nova aliança tem importante significado
político contra a candidatura à reeleição da presidente Dilma Rousseff
(PT).
Na avaliação de aliados de Aécio, a adesão de Marina reforça o discurso
do tucano de representar a mudança que o país precisa, uma vez que a
ex-senadora construiu sua campanha como a porta-voz da “nova política”.
Pregação que foi repetida ontem por Marina: “Estamos vivendo nestas
eleições uma experiência intensa dos desafios da política. Para mim,
eles começaram há um ano, quando fiz com Eduardo Campos a aliança que
nos trouxe até aqui. Pela primeira vez, a coligação de partidos se dava
exclusivamente por meio de um programa, colocando as soluções para o
país acima dos interesses específicos de cada um”.
Significado político
Para o cientista político Paulo Baía, da Universidade Federal do Rio de
Janeiro, a adesão de Marina tem importância política. “O apoio foi uma
novidade em termos de negociação em torno de um programa de governo, ao
mesmo tempo excluindo do apoio uma aliança para governar. Então, essa
novidade vai ser usada politicamente. Além disso, Aécio consegue mostrar
que quase todos que fizeram oposição a Dilma no primeiro turno estão
unidos pela candidatura dele”, diz. Baía avalia ainda que o movimento de
Marina a fortaleceu para novas candidaturas. “Sobretudo, porque ela faz
um apoio programático”, reforçou.
Já o cientista político Denis Rosenfield, da Universidade Federal do
Rio Grande do Sul, avalia que Marina demorou muito para anunciar o apoio
a Aécio. “Nesse meio tempo, as pesquisas já estão mostrando a migração
dos votos dela. De acordo com o Ibope, 64% dos que votaram nela vão
votar no tucano; na Dilma, 18%; brancos, nulos e indecisos; 18%. Ou
seja, se ela tivesse anunciado antes, talvez tivesse conseguido
convencer parte desse percentual que foi para a petista. A decisão tem
potencial para influenciar a parcela ainda indecisa”, comentou. Para
ele, Marina ganha politicamente por ter tomado uma decisão. “Ela foi
muito criticada por não ter lado no primeiro turno e, agora, decidiu.
Fora isso, a neutralidade, opção que ela adotou em 2010, não acrescentou
votos a ela este ano.”
Fonte: Correio Braziliense por Amanda Almeida.
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