Meire Bonfim da
Silva presta depoimento no Conselho de Ética da Câmara sobre processo
contra o deputado Luiz Argôlo
A contadora Meire Bonfim da Silva Poza inverteu nesta quarta-feira (03)
a acusação do deputado federal Luiz Argôlo (SD/BA) de que ela havia
pedido dinheiro para não denunciar o envolvimento do parlamentar com o
doleiro Alberto Youssef, preso pela Polícia Federal na Operação Lava
Jato. Com um gravador na mão, ela apresentou áudio em que o advogado de
Argôlo, Aluisio Lundgren, faz proposta financeira em troca do silêncio
dela.
Meire Poza fez a apresentação do conteúdo da gravação no Salão Verde da
Câmara dos Deputados, um dia depois que Luiz Argôlo, em depoimento à
Comissão de Ética da Casa, disse que a contadora pediu dinheiro para não
incriminá-lo. Para defender-se da denúncia, ela mostrou a jornalistas
trechos de uma conversa de mais de quatro horas com o advogado, que
teria ocorrido em um jantar em julho deste ano.
“Em todo o momento do jantar, eu disse que não queria dinheiro. Eu não
sou ré da ação da Operação Lava Jato e não tive prejuízos. Disse que não
queria extorquir ninguém e que queria só resolver o problema [de
repasse de dinheiro] em relação ao Grande Moinho Cearense”, disse a
contadora, citando a empresa que também está sendo investigada pela PF.
Meire Poza afirmou que o pagamento para a empresa cearense somava mais
de R$ 980 mil e que o problema era a falta de provas de que a empresa
havia prestado o serviço para o qual foi contratada. “A nota quem emitiu
fui eu [para a empresa] e a solução foi fazer relatórios como se os
serviços tivessem sido prestados e não foram”, afirmou.
A gravação, segundo ela, não foi entregue à Polícia Federal porque ela
não considerou “necessário” na época. Perguntada sobre o motivo de não
ter denunciado Youssef antes, a contadora admitiu que não teve coragem e
que só se sentiu segura quando soube da operação conduzida pela Polícia
Federal. “Os quase quatro anos que passei prestando serviços para GFD
[empresa do doleiro] só eu sei exatamente o que passei, as coisas que
ouvi e não tive coragem”, alegou.
O relator do processo contra Argôlo no Conselho de Ética, deputado
Marcos Rogério (PDT/RO), disse que não pode considerar nada do que foi
dito pela contadora hoje. “As novas provas não podem ser consideradas no
processo, porque já está em fase de instrução”, disse. Marcos Rogério
ainda explicou que um parlamentar ou partido teria que pedir aditamento
para apresentação de novas provas ou a abertura de um novo processo.
A Agência Brasil tentou falar com o advogado Aluísio Lundgren antes da
publicação da matéria, mas o telefone celular dele estava desligado. O
gabinete do deputado informou que Argôlo está em viagem ao interior da
Bahia e não estava acessível por telefone.
Fonte: Portal iG / Agência Brasil.
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