Às vésperas de ser confirmada nesta
quarta-feira (20) como candidata do PSB à Presidência da República,
Marina Silva receberá um documento contendo o “inventário” de todos os
acordos políticos e financeiros firmados por Eduardo Campos. Como vice,
Marina foi mantida à margem das negociações. Como cabeça da chapa, será
convidada a avalizar os entendimentos inclusive os que foram celebrados
com partidos e candidatos que ela rejeita.
A decisão de apresentar a Marina os encargos que sobreviveram à morte
de Campos foi tomada numa reunião da cúpula do PSB. O encontro ocorreu
num flat de São Paulo, na noite da última sexta-feira. Ao final da
conversa, Roberto Amaral, novo presidente do partido, incumbiu a
senadora Lídice da Mata (BA) e a deputada Luíza Erundina (SP) de redigir
o “inventário”.
Integram a coligação encabeçada pelo PSB outros cinco partidos: o
pequeno PPS e os nanicos PPL, PSL, PRP e PHS. Foi graças à adesão dessas
legendas que Campos amealhou cerca de dois minutos de propaganda no
rádio e na tevê. Em troca, comprometeu-se a ajudar no financiamento das
campanhas de candidatos das legendas parceiras. Marina desconhece tais
acertos. E o PSB acha que é essencial que ela os endosse.
Para migrar da condição de vice para a de titular, Marina precisa ser
referendada pela maioria dos partidos de sua coligação. Pelo menos
quatro das seis legendas terão de votar a favor da mudança. Alguns dos
nanicos cobram a ratificação dos acordos monetários encaminhados por
Campos. Sob pena de não avalizarem a candidatura de Marina.
Há pendências também no PSB. Por exemplo: depois que os irmãos Ciro e
Cid Gomes trocaram o PSB pelo Pros, Campos ficou sem palanque no Ceará.
Decidiu “fabricar” uma candidatura ao governo Estado. Convidou para a
aventura a deputada estadual Eliane Novaes, cuja reeleição era dada como
certa. Ela topou arrostar o sacrifício de uma derrota anunciada, desde
que o diretório nacional do PSB financiasse sua campanha. Marina não
tomou conhecimento. Encrencas análogas se repetem em vários Estados.
Deseja-se arrancar de Marina também o compromisso de tratar o novo vice
da chapa, provavelmente o deputado federal Beto Albuquerque, com a
mesma deferência que o PSB lhe dispensou. Significa dizer que Marina
terá de dividir com o novo companheiro de chapa o tempo de propaganda
eletrônica e o espaço no material gráfico.
Antes de morrer, Campos ordenara o envio de um ofício aos diretórios
estaduais do PSB proibindo o uso da imagem de Marina nas peças de
campanha de candidatos que ela não iria apoiar. A providência fora
adotada a pedido da própria Marina, que se irritara ao tomar
conhecimento de que seu rosto aparecia ao lado da tucana face de Geraldo
Alckimin nos ‘santinhos’ dos candidatos a deputado pelo PSB paulista.
Deseja-se renegociar esse acordo.
Alega-se que, como presidenciável do PSB, Marina não pode impedir que
os cerca de 2 mil candidatos da legenda à Câmara federal e às assembleias estaduais utilizem a imagem dela. Presente à reunião de
sexta-feira, o deputado federal Glauber Braga, do Rio de Janeiro,
recordou que, no seu Estado, o PSB coligou-se com o PT de Lindbergh
Farias.
Compõe a chapa majoritária do Rio, como postulante ao Senado, o
ex-jogador Romário. A portas fechadas, Glauber disse que não faz sentido
que Marina continue alheia à campanha do partido no Rio depois de ser
formalizada como substituta de Eduardo Campos. Há situações semelhantes
em pelo menos 13 Estados. Entre eles São Paulo e Paraná, praças em que o
PSB coligou-se ao PSDB.
Fonte: Blog do Josias de Souza.
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