ISTOÉ acompanhou os bastidores dos programas eleitorais dos candidatos ao Planalto, que investirão R$ 200 milhões e mobilizarão 400 pessoas para conquistar o voto do eleitor pela televisão a partir do dia 19.
Há pelo menos 15 dias, as equipes dos principais candidatos à
Presidência da República se dedicam à produção dos programas de tevê que
serão exibidos durante o horário eleitoral gratuito. Na última semana, a
reportagem de ISTOÉ acompanhou de perto os preparativos para a
confecção do material eletrônico que será exibido a partir do dia 19
para cerca de 190 milhões de brasileiros. Conversou com marqueteiros,
produtores, assistentes de estúdio e até maquiadores de Dilma Rousseff
(PT), Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB), que anteciparam qual o
tamanho da estrutura montada para dar suporte às gravações, como serão
os primeiros programas dos presidenciáveis na tevê, seus jingles e de
que maneira eles pretendem se apresentar ao eleitorado.
Para conquistar o voto do eleitor pela televisão, estão sendo
investidos mais de R$ 200 milhões e mobilizadas cerca de 400 pessoas –
incluindo produtores de conteúdo, assistentes e maquiadores. Embora a
internet e as redes sociais tenham assumido um papel relevante para
moldar a opinião do eleitorado, especialistas e candidatos consideram
que a propaganda na televisão é o marco inicial da guerra eleitoral. Por
isso, tudo está sendo minuciosamente preparado pelas equipes tucanas,
petistas e socialistas para a primeira semana de propaganda. No programa
de estreia de Dilma Rousseff na tevê, o locutor dirá: “Você assistirá
agora a um Brasil que mudou para melhor...”. Em seguida, a candidata à
reeleição fará uma prestação de contas das realizações dos governos
petistas, somando os resultados do seu mandato com os do ex-presidente
Lula. Em seu jingle, ao som popular de um xote, a presidenta Dilma será
descrita como uma “mulher de mãos limpas” e que “nunca desviou o olhar
do sofrimento do povo”. A música da petista também faz referência ao
padrinho político da candidata, o ex-presidente Lula.
Tempo não faltará para passar em revista os 12 anos de gestão petista. A
candidata terá 11 minutos e 48 segundos em cada bloco de 25 minutos da
propaganda no rádio e na televisão. Nos filmetes do PT, programas como o
Pronatec, voltado para a capacitação profissional, e o Mais Médicos
serão exaltados. Apesar de elencar as conquistas de Lula e Dilma, a
intenção é que a campanha carregue um tom propositivo e não fique
olhando apenas para o retrovisor.
A candidata à reeleição, Dilma Rousseff, já gravou algumas cenas no
próprio Palácio da Alvorada. Nos próximos dias, o marqueteiro do PT,
João Santana, irá levar a presidenta para gravar novas inserções no
megaestúdio montado em uma casa de 1.200 metros quadrados no bairro do
Lago Sul, região nobre de Brasília. Com a frente voltada para o Lago
Paranoá, o endereço é tratado com discrição pela equipe do PT. A
produção dos programas e tudo o que a envolve custarão ao partido cerca
de R$ 90 milhões, dinheiro que vai custear uma equipe de 220 pessoas,
sendo 45 diretamente ligadas às filmagens, e o restante com a divulgação
pela internet. Aliás, esta será uma das novidades da campanha
eletrônica deste ano de todos os candidatos à Presidência. No momento
das transmissões dos programas, equipes estarão abastecendo as redes
sociais para amplificar a audiência. Também farão, em tempo real,
observações críticas sobre os programas dos adversários. Outra novidade é
que os candidatos poderão gravar seus pronunciamentos em qualquer lugar
e não necessariamente nos estúdios. O material será editado e colocado
sobre um cenário digitalizado.
Esse modelo facilita a agenda e permite a gravação em estúdios de menor
porte, como o que Aécio Neves (PSDB), principal candidato de oposição,
utilizou no Rio de Janeiro na sexta-feira 1º. O tucano tem gravado por
cerca de três horas semanais em São Paulo, mas já viajou para pelo menos
cinco outras cidades. Na televisão, o tucano terá direito a quatro
minutos e 31 segundos em cada bloco. O senador pretende aproveitar esse
tempo para fazer críticas incisivas ao atual governo e exibir suas
realizações à frente do governo de Minas Gerais. Na telinha, o tucano se
apresentará como o mais capacitado a fazer as mudanças desejadas pela
população, sobretudo na economia, hoje assombrada pelos fantasmas da
inflação e da volta do desemprego. O jingle de Aécio Neves será mais
objetivo e curto, usando as sílabas inicias do nome do candidato para
ritmar a música. “É ele quem vai mudar o País”, dirá o locutor. A equipe
de produção do tucano tem cerca de 30 pessoas, dedicadas a
acompanhá-los nas andanças pelo País. Outras 80 ficarão responsáveis
pela divulgação na internet. Os custos podem chegar a R$ 85 milhões ou
cerca de 30% do teto de gastos informado pelo PSDB ao Tribunal Superior
Eleitoral (TSE).
CASA-ESTÚDIO
Candidata à reeleição, Dilma Rousseff grava os programas em casa de 1.200 metros quadrados no Lago Sul, área nobre de Brasília
O candidato do PSB, Eduardo Campos, fará a campanha de tevê mais
modesta, afinal terá apenas um minuto e 49 segundos no horário
eleitoral. O principal desafio dos socialistas, num primeiro momento,
será apresentá-lo ao eleitorado, já que Campos ainda é pouco conhecido
nacionalmente. Para isso, vai utilizar um modelo de filmagem em que o
candidato será entrevistado pelos eleitores. Segundo um dos articulares
da campanha de Campos em Pernambuco, a estratégia assemelha-se à
utilizada por Barack Obama, na primeira campanha à Presidência dos
Estados Unidos. Campos tem filmado em São Paulo sempre acompanhado da
vice, Marina Silva, que teve 20 milhões de votos nas últimas eleições
presidenciais. A dobradinha com Marina é uma das apostas para os
primeiros programas na tevê. Inclusive, o jingle que vai embalar a
campanha de Eduardo Campos é o único entre as três que fará referência
ao candidato a vice-presidente. Na canção, a dupla é descrita como a
“cara” e “as cores” do País. A música ainda sugere “coragem para mudar o
Brasil” ao eleitor “que tá na dúvida”.
A equipe do candidato responsável pelo programa eleitoral terá 100
pessoas, sendo 40 envolvidas diretamente com as filmagens. Na
expectativa dos tesoureiros da campanha, a produção dos programas não
custará mais do que R$ 40 milhões.
Fonte: Por Izabelle Torres - Revista ISTOÉ - Colaborou Alan Rodrigues
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