Um
modelo de governo que se estende por longo tempo e o envolvimento de
nomes importantes do partido em escândalos de corrupção mostram desgaste
da imagem do PT para as eleições deste ano. As pesquisas apontam o alto
índice de rejeição à sigla, o que já despertou a preocupação do
ex-presidente Lula. No DF, material de campanha dos candidatos petistas
tem aparecido destruído nas ruas da capital.
“Isso
é desespero de candidatos da direita”, dispara o deputado Policarpo,
candidato à reeleição e presidente do PT no DF, sobre seu material de
campanha destruído.
“Cada
um tem o direito de se manifestar, mas isso não é ação da população,
até porque eu tenho andado bastante e, por onde passo, as pessoas
respeitam. Podem até divergir, mas não existe esse nível de
intolerância” argumenta o petista. A rejeição, para ele, tem apenas um motivo: “É um partido que tem posicionamento, que tem ideias, que debate, que discute”.
Desgaste
Para
explicar o fenômeno de rejeição ao partido, o presidente da Associação
Brasileira de Consultores Políticos, Carlos Manhanelli, recorre ao
escritor português Eça de Queirós: “Políticos e fraldas devem ser
trocados de tempos em tempos, pelo mesmo motivo”. Para ele, o desgaste
do modelo “cansado, já saturado” tem se refletido nas pesquisas em todo o
País. “Todo modelo de governo chega a um estágio de saturação. Isso já
era esperado, é normal na democracia”.
Mas
foi antes do previsto. Segundo a coluna Painel, da Folha de S. Paulo, o
presidente Lula esperava que isso ocorresse apenas na próxima disputa
presidencial, em 2018. “Escândalos, como o do Mensalão, com o
envolvimento de grandes ícones do partido, precipitaram alguns problemas
que não estavam previstos”, justifica o especialista em marketing
político.
Para deputado, é desespero
No
Cruzeiro, material de campanha de Policarpo apareceu destruído. Para
ele, a ação é orquestrada por “candidatos desesperados”. Lembra que “a
política não permite mais esse tipo de comportamento e as pessoas querem
que façamos a disputa no debate”. Segundo o Código Eleitoral,
inutilizar propaganda pode render pena de detenção até seis meses.
Orientação é usar menos o vermelho
Na
tentativa de se desvencilhar da já velha forma de fazer política,
candidatos petistas têm sido orientados por suas equipes de marketing a
se vestirem com mais sobriedade, se livrando, principalmente, da
famigerada cor vermelha: “É muito clara uma mudança de estratégia do
PT”, comenta Fabio Iglesias, psicólogo especialista em marketing
político da Universidade de Brasília (UnB).
“Existe
um esforço de todos os candidatos de se adaptarem ao público que estão
querendo conquistar. Escolhem muito bem que gravata usar, se é que usam,
o corte de cabelo, a cor que vai predominar na campanha, o tom do
programa eleitoral, quem vai aparecer no palanque etc”, explica o
especialista.
O governador Agnelo Queiroz
(PT), por exemplo, tem sido visto em sua agenda de campanha, usando
sempre camisas sociais de cores claras. Oficialmente, a mudança de
figurino é por que ele tem emendado os compromissos eleitorais com a
agenda de trabalho. A presidente Dilma Rousseff, antes adepta de blusas
vermelhas, em infalíveis combinações com calças e sapatos pretos, tem
aparecido usando branco, verde, azul... Até a logomarca da campanha é
fofa e bem feminina: o nome dela aparece em letra cursiva e só o pingo
no “i” é uma estrela.
Iglesias
explica que não há fórmula mágica para que se recupere a confiança
perdida ou que garanta a vitória em eleições. “Se houvesse, estaria
rico”, diverte-se.
Pesquisas confirmam problema
Pesquisa
Ibope, divulgada há três dias, mantém a rejeição à presidente Dilma
(PT) é a maior, embora oscile. Em junho, 38% dos eleitores disseram que
não votariam de jeito nenhum nela. Agora, são 36%.
Caso
emblemático está no Ceará. Em segundo lugar nas pesquisas, o candidato
do governador Cid Gomes (Pros), Camilo Santana (PT), tem alto índice de
rejeição, segundo o levantamento do Ibope: 24%. É maior até que o nível
de conhecimento do candidato. Até sua equipe acha que existe só uma
explicação para o índice: o partido.
Na
Bahia, as pesquisas também indicam vitória do DEM em primeiro turno.
Paulo Souto lidera a preferência dos eleitores, enquanto Rui Costa,
candidato do governador Jaques Wagner (PT), amarga o terceiro lugar, com
apenas 8% de intenções de votos, segundo o Ibope.
Fonte: Blog do Odir Ribeiro / Informações Millena Lopes - Jornal de Brasília.
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