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sexta-feira, 3 de maio de 2013

Caso Raad Massouh: Dinheiro pra festa

Conselho de Ética da CLDF escolherá o relator do processo contra o Deputado distrital 

Iremos cuidar neste artigo do caso do Deputado Distrital Raad Massouh, investigado na operação policial batizada pela Polícia Civil do Distrito Federal como Mangona. A acusação é de que o parlamentar se beneficiava, ilicitamente, de emendas parlamentares para realização de festas. A Comissão de Ética da Câmara Legislativa do Distrito Federal escolherá em 02 de maio de 2013 o relator do processo ético-disciplinar aberto contra o político. Antes, contudo, falemos um pouco do grande Ataulfo Alves e depois voltemos ao caso Mangona.

Em 02 de maio de 1909 morria o grande sambista Ataulfo Alves, autor de páginas antológicas da musicalidade brasileira. Ai, que saudade de Amélia (que era mulher de verdade) é um dos mais de trezentos exemplos de seus sambas que falam à alma do brasileiro há tanto tempo. Outro exemplo é o samba “dinheiro pra festa”. O samba fala de alguém que pediu dinheiro emprestado para realização de uma festa e, depois da festança acabada, não pagou o empréstimo e finge que não mais conhece a pessoa que lhe emprestou o dinheiro. Diz a letra:

Você agora finge que não me conhece

É dos tais que não paga e se aborrece

É por isso que todo mundo detesta

Emprestar dinheiro pra luto ou pra festa
Realmente a ninguém isto convém

Perde-se o dinheiro (bis)

E se perde o amigo também

Sua falta de palavra

Veio ensinar-me a viver

Paga o justo por aquele

Que não cumpriu seu dever

Nem a juros eu empresto

Mais um cruzeiro a ninguém

Perde-se o cruzeiro

Esse perde o amigo também.

Voltamos à Mangona - Coincidentemente, no mesmo dia em que falecido o inesquecível Ataulfo Alves, a Comissão de Ética da CLDF escolherá o relator do processo contra o Deputado Distrital Raad Massouh.  O processo contra o Deputado guarda uma estreita relação com o samba acima reproduzido. O problema foi (e é) dinheiro pra festa.

O político distrital foi denunciado pelo Ministério Público de participar de um esquema de desvio de verba pública para promoção de uma festa na região de Sobradinho, em 2010. O dinheiro pra festa foi fruto de uma emenda parlamentar apresentada por Massouh. Este se defendeu afirmando que sabia das irregularidades (e não fez nada, não adotou nenhuma providência!) mas que estas foram cometidas pelo então administrador de Sobradinho, Carlos Augusto de Barros. Acontece que Barros era administrador de Sobradinho por indicação política do próprio Deputado Raad Massouh.

Raad como na canção de Ataulfo Alves faz de conta que não conhecia Carlos Augusto. O Ministério Público, entrementes, assevera que os dois se conheciam e se conheciam bem, tanto que os acusa de serem cumplices no esquema. Os dois e outros assessores de Raad foram, criminalmente, denunciado pelo MPDFT perante o Tribunal de Justiça. Raad teve a sua casa e empresa reviradas pelas polícia, por determinação de uma Desembargadora do TJDFT. Não é pouco!

Ao que consta, a ação penal movida contra Raad Massouh é fundamentada em diversos depoimentos, prova pericial, interceptação de dados e até de quebra de sigilo de comunicações. Escutas telefônicas, segundo amplamente divulgado pela mídia,  complicam em muito a situação do deputado.

A Capital da República assiste, uma vez mais, a gravíssima suspeita de corrupção pairar sobre um dos integrantes da Câmara Legislativa do Distrito Federal. Também não é segredo que existe uma forte intenção da base-aliada do governo em promover uma operação abafa, em que o parlamentar sairia livre, leve e solto, enquanto a população seria mais uma vez aviltada. O Corregedor da CLDF, havemos de reconhecer, Deputado Patrício, agiu com lisura e transparência. Todavia, dois votos favoráveis ao arquivamento da investigação na Comissão de Ética acendem a luz da desconfiança na população.

O plenário da Câmara Legislativa de esgotar as discussões sobre a delicadíssima situação do Deputado Distrital Raad Massouh. Deveriam tornar as provas já existentes públicas. O próprio parlamentar já afirmou que quer tudo transparente, embora, nos bastidores, até as pedras sabem, tente sepultar a investigação. A CLDF e os deputados não podem permitir que o Distrito Federal seja mais uma vez exposto ao ridículo. É preciso rigor com o dinheiro pra festa. Dia 02 de maio de 2013 será um dia ontológico para a moralidade pública, ontológico assim como os sambas de Ataulfo Alves.

Fonte: Adote um Distrital

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