Decisão redistribui parlamentares federais conforme população que representam; medida vale para 2014, mas haverá recurso ao STF
Contra - Ministra Cármen Lúcia diz que não cabe ao TSE redistribuir as cadeiras na Câmara |
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) determinou ontem à noite uma
redistribuição nas cadeiras da Câmara dos Deputados que afetou 13
Estados. Essa redistribuição será feita com base em dados fornecidos
pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre a
população a partir do Censo de 2010. As mudanças só valem para as
eleições de 2014, mas a previsão é de que a polêmica certamente chegará
ao Supremo Tribunal Federal.
A decisão deverá ser o assunto principal de uma reunião marcada para a
manhã de hoje no TSE. No encontro são esperados presidentes de todos os
partidos políticos brasileiros. O número total de parlamentares da
Câmara não se altera: continuarão a ser eleitos 513 deputados federais.
Segundo o vice-líder do PMDB na Câmara, Marcelo Castro (PI),o
partido vai recorrer da decisão. “Vamos ver se é possível recorrer ao
Supremo. Para nós do Piauí foi uma hecatombe, perderemos 20% dos
deputados”, afirmou. Castro admitiu, no entanto, que seriam pequenas as
chances de derrubar a decisão do TSE. “O Congresso deveria ter resolvido
antes e aumentado o número de deputados.”
Futuramente a revisão populacional feita pelo TSE também poderá ocorrer
na distribuição das cadeiras nasAssembleias Legislativas de todo o
País.
Como consequência da decisão, a partir da próxima legislatura, em 2014,
oito Estados perderão cadeiras na Câmara e cinco ganharão cargos.
Os Estados que deixarão de terumdeputadosãoAlagoas, Espírito Santo,
Pernambuco, Paraná, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. Já os Estados da
Paraíba e do Piauí perderão duas cadeiras. Ganharão uma vaga a mais os
Estados do Amazonas e Santa Catarina. Ceará e Minas Gerais ganharão duas
cadeiras e o Pará, quatro.
O TSE tomou a decisão ao julgar um pedido da Assembleia do Amazonas. Em
maio de 2012, o tribunal realizou audiência pública para ouvir
deputados e especialistas sobre uma mudança de representação dos
Estados.
Naocasião, deputados amazonenses afirmaram que o Estado deveria ter
mais do que oito parlamentares na Câmara. Eles observaram que o Estado
tem uma população maior do que Alagoas e Piauí, que tinham nove e dez
deputados, respectivamente.
Discordâncias na corte. Na sessão de ontem, o ministro Marco Aurélio
afirmou que não cabe ao TSE fixar as representações dos Estados para as
eleições. A presidente do tribunal, Cármen Lúcia Antunes Rocha, também
discordou. Ela disse que a Constituição não faz nenhuma referência à
possibilidade de o TSE determinar a redistribuição das cadeiras na
Câmara.
O ministro Dias Toffoli afirmou que certamente o assunto será levado ao
Supremo. Ao seguir a maioria, ele observou que os partidos políticos
tiveram oportunidade de manifestação, inclusive na audiência pública.
Uma lei de 1993 regulamentou a distribuição das cadeiras no Congresso. A
norma estabeleceu que o número de deputados não pode ultrapassar 513 e
que o cálculo deve ser feito com base em dados do IBGE.
PERDASEGANHOS
• Estados que deixarão de ter um deputado:
Alagoas. Bancada atual: 9
Espírito Santo. Bancada atual: 10
Pernambuco.
Bancada atual: 25
Paraná. Bancada atual: 30
Rio de Janeiro. Bancada
atual: 46
Rio Grande do Sul. Bancada atual: 31
• Estados que perdem duas vagas:
Paraíba. Bancada atual: 12
Piauí. Bancada atual: 10
• Estados que ganham uma vaga:
Amazonas. Bancada atual: 8
Santa Catarina. Bancada atual: 16
• Estados que ganham duas vagas:
Ceará. Bancada atual: 22
Minas Gerais. Bancada atual: 53
• Estado que ganha quatro vagas:
Pará. Bancada atual: 17
Fonte: Jornal Estado de São Paulo - Por Mariângela Gallucci
Nenhum comentário:
Postar um comentário