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segunda-feira, 15 de abril de 2013

Reação à "oposição covarde"


Como represália pelas críticas veiculadas pelo PPS em inserções na televisão e no rádio das últimas semanas, o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), tomou providências para tirar da legenda uma importante representação no Congresso. Suplente na coligação que elegeu o petista em 2010, Augusto Carvalho (PPS) terá de deixar, a partir da próxima semana, o mandato de deputado federal que vinha exercendo graças a um arranjo político. Licenciado da Câmara, Geraldo Magela (PT) foi exonerado ontem do cargo de secretário de Habitação e Desenvolvimento Urbano do DF e reassume o gabinete parlamentar.

O governo Agnelo nem tentou esconder a vingança. Em nota divulgada ontem, a Secretaria de Comunicação do DF informou que Magela retornará à Câmara devido a uma suposta “covarde oposição assumida pelo PPS, partido do suplente Augusto Carvalho”. Nos últimos dias, a legenda levou a público críticas fortes à gestão da saúde pública no DF, um dos setores prioritários da administração petista. A postura do partido, sob intervenção federal determinada pelo presidente nacional do PPS, Roberto Freire, é de embate a Agnelo.

No ano passado, a direção regional aprovou o desembarque do partido da base do Executivo do DF, depois da aliança eleitoral de 2010 que manteve o PPS no palanque de Agnelo. A decisão de afastamento do governo local provocou um racha. Os dois deputados distritais eleitos pelo PPS, Alírio Neto e Cláudio Abrantes, migraram para outros partidos, PEN e PT, respectivamente.

Antigo militante do PPS, Augusto Carvalho tem trombado com o presidente regional, Chico Andrade, na estratégia de confronto com o governo local, mas tem sido vencido. “Discordo do conteúdo das inserções, daquele nível de abordagem. É uma demagogia falar dos problemas da saúde sem apontar soluções”, afirma Augusto, secretário de Saúde do governo de José Roberto Arruda (ex-DEM). Entre petistas, a avaliação é de que o mandato exercido pelo PPS na Câmara pertence ao PT, e a estratégia agora será manter Magela no Congresso enquanto o adversário estiver batendo. O conflito só deve se acirrar. “Ninguém vai calar o PPS, mesmo tirando o mandato de um deputado federal”, afirma Andrade. 

Fusão

Com a possível fusão entre o PPS e o PMN, a situação de Augusto Carvalho no novo partido é incerta. Ele sustenta que ninguém pode falar em nome dele sobre eventuais mudanças de rumo e nega intenção de deixar o PPS. Interlocutores de Agnelo, no entanto, tentam convencê-lo a liderar uma tática para atrair Augusto para um partido da base do governo. Seria uma tentativa de esvaziar no DF o partido de Roberto Freire, que já perdeu dois deputados distritais.

Com ou sem Augusto, a criação de uma legenda, no entanto, abre uma janela para adversários do governo do DF que poderiam mudar de partido sem risco de serem considerados infiéis. Com a fundação, o PSD, por exemplo, conseguiu construir uma bancada de quatro deputados distritais entre políticos insatisfeitos em suas legendas de origem. Em número de deputados, o PSD só perde para o PT na Câmara Legislativa. Entre os políticos que estão de olho nos movimentos do PPS, está o ex-governador Joaquim Roriz, que já tem força no PMN, partido ao qual está filiada uma de suas herdeiras políticas, a deputada federal Jaqueline Roriz, e espera ampliar a influência.

Fonte: Correio Braziliense - Por Ana Maria Campos

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