Como represália pelas críticas veiculadas pelo PPS em inserções na
televisão e no rádio das últimas semanas, o governador do Distrito
Federal, Agnelo Queiroz (PT), tomou providências para tirar da legenda
uma importante representação no Congresso. Suplente na coligação que
elegeu o petista em 2010, Augusto Carvalho (PPS) terá de deixar, a
partir da próxima semana, o mandato de deputado federal que vinha
exercendo graças a um arranjo político. Licenciado da Câmara, Geraldo
Magela (PT) foi exonerado ontem do cargo de secretário de Habitação e
Desenvolvimento Urbano do DF e reassume o gabinete parlamentar.
O governo Agnelo nem tentou esconder a vingança. Em nota divulgada
ontem, a Secretaria de Comunicação do DF informou que Magela retornará à
Câmara devido a uma suposta “covarde oposição assumida pelo PPS,
partido do suplente Augusto Carvalho”. Nos últimos dias, a legenda levou
a público críticas fortes à gestão da saúde pública no DF, um dos
setores prioritários da administração petista. A postura do partido, sob
intervenção federal determinada pelo presidente nacional do PPS,
Roberto Freire, é de embate a Agnelo.
No ano passado, a direção regional aprovou o desembarque do partido da
base do Executivo do DF, depois da aliança eleitoral de 2010 que manteve
o PPS no palanque de Agnelo. A decisão de afastamento do governo local
provocou um racha. Os dois deputados distritais eleitos pelo PPS, Alírio
Neto e Cláudio Abrantes, migraram para outros partidos, PEN e PT,
respectivamente.
Antigo militante do PPS, Augusto Carvalho tem trombado com o presidente
regional, Chico Andrade, na estratégia de confronto com o governo
local, mas tem sido vencido. “Discordo do conteúdo das inserções,
daquele nível de abordagem. É uma demagogia falar dos problemas da saúde
sem apontar soluções”, afirma Augusto, secretário de Saúde do governo
de José Roberto Arruda (ex-DEM). Entre petistas, a avaliação é de que o
mandato exercido pelo PPS na Câmara pertence ao PT, e a estratégia agora
será manter Magela no Congresso enquanto o adversário estiver batendo. O
conflito só deve se acirrar. “Ninguém vai calar o PPS, mesmo tirando o
mandato de um deputado federal”, afirma Andrade.
Fusão
Com a possível fusão entre o PPS e o PMN, a situação de Augusto
Carvalho no novo partido é incerta. Ele sustenta que ninguém pode falar
em nome dele sobre eventuais mudanças de rumo e nega intenção de deixar o
PPS. Interlocutores de Agnelo, no entanto, tentam convencê-lo a liderar
uma tática para atrair Augusto para um partido da base do governo.
Seria uma tentativa de esvaziar no DF o partido de Roberto Freire, que
já perdeu dois deputados distritais.
Com ou sem Augusto, a criação de uma legenda, no entanto, abre uma
janela para adversários do governo do DF que poderiam mudar de partido
sem risco de serem considerados infiéis. Com a fundação, o PSD, por
exemplo, conseguiu construir uma bancada de quatro deputados distritais
entre políticos insatisfeitos em suas legendas de origem. Em número de
deputados, o PSD só perde para o PT na Câmara Legislativa. Entre os
políticos que estão de olho nos movimentos do PPS, está o ex-governador
Joaquim Roriz, que já tem força no PMN, partido ao qual está filiada uma
de suas herdeiras políticas, a deputada federal Jaqueline Roriz, e
espera ampliar a influência.
Fonte: Correio Braziliense - Por Ana Maria Campos
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