Quando
se acredita sejam definidas as primeiras pré-candidaturas ao Palácio do
Buriti no pleito do próximo ano, está longe. Mas nem por isso os
ingredientes do processo eleitoral começam a tomar forma no corpo de
velhos caciques.
Quem acompanha a política na capital da República, sabe disso. E o
exemplo de que as misturas começam a ganhar em densidade pode ser
sentido com as últimas aparições do ex-governador Joaquim Roriz (sem
partido), que voltou ao cenário político com desenvoltura.
Com o ressurgimento de velhas cores partidárias, ninguém pode descartar
surpresas no cenário para as eleições de 2014. Apesar de afirmar e
reafirmar sua intenção de postulante à cadeira do governador Agnelo
Queiroz, principalmente como forma de encerrar sua carreira política,
Roriz admite entreouvidos que problemas na Justiça incomodam, e
bastante, os seus planos.
Entretanto, experiente como é, o Velho avança no território alheio e
começa a mexer as peças no tabuleiro do xadrez da sucessão. Os eventos
em que Roriz tem sido visto publicamente fazem parte dessa estratégia.
Nos dois últimos, especificamente, o ex-governador conseguiu atrair os
holofotes sem muito esforço: na reaproximação com o ex-aliado e atual
vice-governador Tadeu Filippelli (PMDB) e, depois, durante a missa que
celebrou o aniversário de sua filha caçula, a distrital Liliane Roriz
(PSD), possível herdeira de seu espólio eleitoral.
Os dois momentos, ocorridos dentro de igrejas, mostraram que a figura
de Roriz, mesmo sem a certeza da candidatura em 2014, pode incomodar os
adversários. No caso da missa em homenagem a Liliane, o prestígio dele
contribuiu para atrair para a solenidade grandes lideranças políticas da
cidade.
A missa pela passagem de mais um aniversário de Liliane não foi marcada
apenas pela hóstia. Lá esteve gente que cumpriu antigas penitências e
foi mostrar que está aberta a consagração de amplas alianças. A título
de ilustração, pela igreja passaram três ex-governadores (Maria de
Lourdes Abadia, Rogério Rosso e José Ornellas).
Não bastasse isso, fazendo o papel de afilhados reconhecidos pelos
frutos colhidos no passado, também apareceram Gim Argello, Luiz Estevão,
Adelmir Santana e Luiz Pitiman, este, uma espécie de Judas dentro do
PMDB, que vira e mexe faz o papel do patinho feio que navega
perigosamente em águas destinadas a cisnes reais, sem que saiba nadar.
Isso sem falar na quase totalidade dos deputados distritais, muitos
deles integrantes da base de Agnelo na Câmara Legislativa.
O ressurgimento de Roriz às vésperas do momento eleitoral, e ainda
ladeado de lideranças políticas, redesenha por completo o cenário para o
ano que vem. As pinceladas estão sendo dadas como se verdadeiros gênios
da pintura tivessem a atribuição de pintar um quadro sem manchas.
Os modelos dessa ilustração aparecem se dando as mãos. Não são uma mera
analogia as pazes feitas entre Roriz e Filippelli. Os dois já foram
aliados históricos, e essa reaproximação ameaça não apenas o tempo de
televisão que o PMDB garantiria ao PT na renovação da aliança
majoritária. Elas também deixam uma interrogação no ar sobre a atual
base de sustentação do governo petista na Câmara Legislativa. Poucos
distritais são considerados verdadeiramente fiéis pelo Partido dos
Trabalhadores. Os outros, para o PT, são meramente aliados de
conveniência.
Essa falta de fidelidade dá brecha para se repetir o que vem ocorrendo
desde a eleição do ex-governador José Roberto Arruda, quando ele saiu
vitorioso na corrida para o Buriti: a repentina debandada da base
daquele grupo que entra governo e sai governo, mas continua no poder.
Na eventualidade de Joaquim Roriz receber o aval da Justiça e se
candidatar, ou mesmo que consiga emplacar um aliado forte para disputar o
Buriti com chances de vitória, o governo petista terá muito com o que
se preocupar.
É por essas e outras que o sinal amarelo já foi ligado.
Fonte: Notibras - Por José Seabra
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