Quem
aproveitou os últimos dias do ano para falar a verdade foi o governador
Tarso Genro. Depois do início do julgamento do mensalão, raras vezes um
líder do PT teve tanta coragem como ele.
Disse o que precisava ser
dito, aliás, não pela primeira vez. Quando o escândalo explodiu, foi
para ele que a banda sã do partido se voltou, pedindo que substituísse
José Genoíno na presidência.
Sua missão seria refundar o PT. Aceitou, em
julho de 2005, mas só ficou até outubro. O então presidente Lula exigiu
sua renúncia, num dos mais obscuros episódios da história dos
companheiros.
Por quê? Porque Tarso mostrou-se disposto a não acobertar as denúncias
nem embarcar na balela de que tudo se tratava de perseguição da
imprensa.
Muito menos admitiu absorver ou blindar companheiros flagrados
na lambança, como aquele a quem substituiu, além de José Dirceu,
Delúbio Soares, João Paulo Cunha e outros. Nas reuniões reservadas,
indispôs-se não só com eles, mas com o Lula. Condenado ao ostracismo,
foi recompensado com duas eleições para governador do Rio Grande do Sul.
Agora, claro que evitando contribuir para o sangramento do PT, repôs as
coisas no devido lugar. À Folha de S. Paulo, declarou que “o partido
deve retornar às suas origens”. “Está esgotada a agenda de solidariedade
aos companheiros condenados, já tendo sido feito tudo o que podia”.
Mesmo ressaltando que nenhuma prova concreta foi apresentada no Supremo
Tribunal Federal para evidenciar a responsabilidade de José Dirceu e
José Genoíno, também não opinou sobre a inocência deles. Simplesmente,
deu o grito de “basta”, quer dizer, “o PT não pode virar um escritório
de explicações”.
Tarso Genro posiciona-se claramente contra pretendidos atos públicos em
solidariedade aos mensaleiros. Nada de concentrações na Praça da Sé, na
Praça do Mercado ou na Cinelândia. Nem de ficar contestando a Justiça
ou cultivar a imagem de vítima. A hora é de bola para a frente. De
reconstrução. Aqui para nós, se a lei permitisse, daria de novo um
exemplar presidente para o PT. Quem sabe possa preparar algumas
resoluções de ano novo?
Fonte: Blog da Tribuna - Por Carlos Chagas
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