A avalanche de denúncias e o vazamento de documentos sigilosos de dentro de órgãos de inteligência vinculados à segurança pública tornaram-se nocivos para o atual governo do Distrito Federal.
O festival de exonerações na Polícia Civil, que ocorreu mês passado, teve como principal alvo conter a disseminação de informações que deveriam ter permanecido em segredo.
No entanto, a escolha da nova cúpula da Polícia Civil e dos coordenadores de células vitais para a inteligência policial coloca em xeque a segurança das informações.
Boa parte dos novos escolhidos possui ligações perigosas com figuras que podem deixar em maus lençóis a segurança pública do DF.
Braço direito do novo diretor-geral da Polícia Civil, Onofre de Moraes, o diretor adjunto João Rodrigues é velho conhecido e homem de confiança de figuras como o ex-governador Joaquim Roriz (PSC) e o ex-diretor da PCDF Laerte Bessa (PSC).
Onofre queria dar cara própria à nova equipe, deslocando para funções de destaque pessoas da sua confiança. O novo diretor esperava que o time trabalhasse com lealdade à cúpula e com respeito à hierarquia na instituição. No entanto, os últimos acontecimentos mostram que a ideia está correndo na contra mão das expectativas.
Ataques a membros do governo próximos do governador Agnelo Queiroz e o vazamento de documentos provenientes do Centro de Inteligência da Secretaria de Segurança mostram que uma espécie de “fogo amigo” passou a ser disparado contra o próprio governo, que se vê às voltas com problemas internos dentro das corporações policiais.
Controlar as investigações mais importantes e ter acesso a todas as informações é algo que não está ocorrendo dentro da Polícia Civil.
A reestruturação feita de forma equivocada fez com que delegados perdessem os cargos de chefia, além dos outros 50 que já tinham sido afastados. Muitos ainda permanecem no chamado “corredor”.
Em outro ponto chave da instituição está o delegado Mauro Cezar Lima, também um ex-aliado político de Roriz. Ele assumiu a diretoria do Departamento de Polícia Especializada (DPE). Mauro Cezar foi presidente do Sindicato dos Delegados da Polícia Civil (Sindepo) e candidato a deputado distrital pelo PTdoB, mas nos últimos meses estava lotado na assessoria do governador Agnelo Queiroz (PT).
Nos bastidores da polícia e do Palácio do Buriti, comenta-se que foi um erro pensar que Agnelo teria, de fato, o controle da Polícia Civil, como Roriz tinha nos dois últimos mandatos por meio da liderança de Bessa na classe.
Entre aliados de Roriz, a mexida na área de segurança pública foi vista como uma jogada pensada e com capacidade para surtir os efeitos esperados, mas que acabou se mostrando ineficaz com documentos e vídeos do chefe da Casa Militar, tenente-coronel Rogério Leão promovendo uma série de varreduras contra grampos em ambientes frequentados regularmente pelo governador. O material teria vazado do Centro de Inteligência da Secretaria de Segurança Pública.
O chefe do centro é justamente um delegado da Polícia Civil que trabalhou na área de inteligência da campanha eleitoral da mulher de Roriz, Weslian. O delegado Wellerson Gontijo estava lotado na 35ª Delegacia de Polícia (Sobradinho II) antes de ser nomeado como chefe do CI.
Poucas pessoas sabem, mas parte dos escolhidos para compor a nova cúpula da Policia Civil possui laços estreitos com o agente de polícia aposentado Marcelo Toledo, denunciado na Operação Caixa de Pandora, da Polícia Federal, por participação em esquemas fraudulentos que desviaram milhões em contratos de informática.
Toledo é amigo pessoal de João Rodrigues e Mauro Cézar. Corre também o boato de que a força do ex-agente e tão grande que ele indicou o novo diretor da Divisão Especial de Combate aos Crimes Contra a Administração Publica (Decap).
Resta saber se as garras de Toledo - que também é apontado por operar esquemas fraudulentos na área do transporte coletivo e na coleta seletiva de lixo – também alcançarão os cofres da Policia Civil.
Fonte: Blog Fala Sério DF
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