Passados mais de dois anos da Caixa de Pandora, a Revista Veja desta semana traz reportagem sobre o possível envolvimento do Partido dos Trabalhadores na operação, que escancarou as vísceras do governo Arruda. Na reportagem, partes do depoimento de Durval Barbosa são revelados e trazem fatos envolvendo o meu nome.
No dia de ontem, vários colegas jornalistas me telefonaram perguntando sobre o assunto. A todos atendi e manifestei a minha intenção de não me pronunciar sobre a questão. Esse caso é de responsabilidade da Polícia Federal, do Ministério Público e do Judiciário. Por isso, talvez, durante o dia inteiro foram feitas diversas conjecturas - aí nasce o que eu passarei a classificar como "a engenharia do golpe".
Desde o início da operação Caixa de Pandora, sem mesmo um desfecho, duas pessoas vivem prisioneiras dentro de casa: Durval Barbosa, que denunciou o esquema, e o titular deste blog, que intermediou a delação premiada com as autoridades competentes.
Durval Barbosa, sob pressão de diversos prejudicados por suas revelações, vive sob risco e é alvo de acusações das mais sórdidas, infames, tudo sob investigação dos órgãos responsáveis nas diversas esferas.
E eu, que vivo praticamente trancafiado dentro de minha própria casa, esperando a conclusão de tudo. Não cedi e não cederei às mentiras dos algozes da verdade, mesmo passando as dificuldades que passo. É o preço que tenho que pagar.
Passada a turbulência inicial, em 2010 - ano em que foi eleito Agnelo Queiroz com quem eu mantinha uma boa relação de amizade, é público que após desavenças pessoais com o então candidato surgiu o rompimento, que Agnelo sabe tanto quanto eu os motivos e nenhum deles foi espúrio.
Após a sua posse, é fato, estes foram sendo acirrados, principalmente por práticas que vêm prejudicando a saúde de um grupo de pessoas que poderia ter uma qualidade de vida melhor: os portadores de hemofilia, de fenilcetonúria e de outras doenças graves cujos tratamentos dependem exclusivamente da boa vontade do Estado.
Por não concordar e denunciar o descaso, respondo na Justiça a um processo movido pelo próprio Agnelo e, posso dizer, aguardo com tranquilidade o seu desfecho. Tranquilidade esta por estar seguro de que apenas defendi quem buscou ajuda para poder viver com a mínima dignidade.
Sabedores do meu posicionamento de independência do governo que aí está, alguns indivíduos se valem de artimanhas e ilícitos para se cacifar e tirarem proveito da situação, com a desculpa de agirem "em defesa do Estado". Isso não é de hoje e a reportagem da Revista Veja traz apenas a ponta do iceberg.
Há atualmente no Distrito Federal grupos simplesmente interessados no cofre do Estado, muitos destes no governo, tudo por conta de alianças políticas realizadas para se ganhar a eleição. São petistas, "ex-rorizistas", "ex-arrudistas" e muitos outros que, embora sem filiação partidária, estão no governo atual porque só conseguem sobreviver às custas das mazelas com o Estado. Para esses, pouco importa a saúde, educação e segurança dos cidadãos brasilienses.
Para o êxito de seus intentos, eles passam por cima de qualquer pessoa. Não basta apenas ser Edson Sombra, Durval Barbosa. Pode ser quem for, inclusive o próprio governador do Distrito Federal.
Durante o ano de 2011, fui aconselhado por diversas vezes para que eu parasse de denunciar as mazelas da máquina do GDF. Pelo poder, fazem de tudo. Minimizam os direitos do cidadão e trabalham apenas para afastarem qualquer chance de perderem o cargo.
A audácia é tamanha que nos últimos quinze dias sofri diversas investidas de engenharias estratégicas para usar do poder de Estado e tentar me desqualificar, tirar de mim o meu maior patrimônio: a minha credibilidade.
Quero deixar claro aos colegas jornalistas, e não são poucos os que me procuraram em busca de ajuda para exercerem o seu trabalho, que já ajudei, que continuarei a ajudar, tudo dentro da legalidade, como sempre foi.
Mas não me calarei ao notar a mínima intenção de dar margem a ilações, principalmente com o objetivo de macular a delação premiada de Durval Barbosa. Quanto a quererem responsabilizar o governador do Distrito Federal pelas armadilhas dos últimos dias, deixo bem claro: não partiu dele a ordem para essas práticas tão desastrosas. E friso que no episódio específico flagrado pelas câmeras de minha casa, fiz chegar ao governador por pessoas próximas a ele o ocorrido.
Quem não me conhece, não deve ainda saber que essa é minha forma de lidar com gente desse tipo. Não me calo e comunico todas as arapucas às autoridades competentes. Todos lembram de outros episódios ocorridos, quando sempre coloquei a par das autoridades os planos de tentar desqualificar as investigações que buscam desmascarar a verdadeira face desses "servidores públicos" que apenas sabem brincam de mandar.
E deu no que deu.
Fonte: Edson Sombra
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